DOM CASMURRO E A (SUA) VERDADE
DOI :
https://doi.org/10.7867/1981-9943.2010v4n2p171-186Mots-clés :
Verdade. Realidade. Desejo. Falta.Résumé
Machado de Assis e Sigmund Freud superaram certezas edificantes do século XIX. Com suas obras, estilos e origens diversas, demonstraram a impossibilidade do encontro perfeito, os limites de ser todo. Este trabalho busca, através dos escritos destes autores, demonstrar como a relação entre a psicanálise e a literatura permite gerar novos efeitos diante de velhos e insolúveis enigmas. A partir da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, demonstramos a verdade do sujeito vinculada à realidade psíquica. Indiferente à realidade dos fatos, ou delirante em sua certeza, Bento Santiago sabe sobre a traição de Capitu, colocando em relevo o temor do ciumento diante de sua falta. A teoria psicanalítica destaca que no ciúme há uma busca do apagamento do objeto do desejo, para que se tente sustentar uma completude impossível diante da própria condição de sujeito desejante. Em Machado e Freud encontramos questões que não se esgotam, que se mantém fixadas ao imaginário da humanidade, perpetuando o jogo entre o ter e o ser. Neste trabalho vamos tecendo uma trama, onde a urdidura é a incessante busca dos homens por um sentido, uma verdade buscada e jamais alcançada.
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