HISTÓRIA NATURAL E NARRATIVAS DE VIAGENS: NOVAS RELAÇÕES, NOVAS LINGUAGENS, NOVAS IMAGENS
DOI:
https://doi.org/10.7867/1981-9943.2009v3n1p02%20-%2017Palabras clave:
Eurocentrismo. História Natural. Narrativas de Viagens. Brasil. Século XIX.Resumen
Este artigo procura refletir sobre o processo de composição de imagens que ajudaram a definir o Brasil no século XIX, a partir de um olhar eurocêntrico. Nesse sentido, a História Natural e as narrativas de viagens fazem parte desse novo modo de lidar com a diferença. A abertura dos portos brasileiros em 1808 e a “redescoberta” do Brasil a partir de uma perspectiva científica promovem uma confluência de imagens e novos signos para esta região. Esses discursos e imagens estão inseridos em um contexto de transformação do pensamento humano (séculos XVIII e XIX), quando novas formas de relações e representações do sujeito estão sendo construídas. Mary Louise Pratt atribui essa mudança à emergência da história natural como uma forma diferente das elites europeias relacionarem-se com o resto do mundo. Portanto, este entendimento racionalizador e padronizado sobre “outros” espaços (não urbanos) codificam uma nova consciência planetária: a eurocêntrica. Com o objetivo de entender os mecanismos ideológicos e semânticos que possibilitaram o repertório de imagens produzido sobre o Brasil no século XIX, este artigo concentra-se, em um primeiro momento, sobre a retórica da história natural e sua especificidade enquanto linguagem e empreendimento. Os relatos de viagem tão produzidos e consumidos na Europa e na América nos séculos XVIII e XIX utilizam-se dessa retórica naturalista para explorar mundos não urbanos. Em um segundo seguimento, são analisadas as imagens que partem de algumas narrativas de viagens sobre o Brasil no século XIX, dedicando-se, sobretudo, à Viagem pelo Brasil (1817-1820), de Spix e Martius. Identificam-se nessas narrativas os polos científicos firmados por Hegel e Humboldt para interpretar o mundo americano a partir da relação entre natureza e sociedade. O olhar eurocêntrico que pensa o mundo através da antítese entre o velho e o novo concebe à América grande vigor físico e carência humana.
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