ARTE E POLÍTICA: UMA ANÁLISE ESTÉTICA DO RAP EM UM DEBATE TEÓRICO-METODOLÓGICO

Resumo

O presente artigo parte de uma experieÌ‚ncia de ver/ouvir muÌsica e de compartilhar alguns instantes de nossa experieÌ‚ncia esteÌtica com um debate a respeito da relação entre a arte do Rap e a poliÌtica. Para esse debate, nossa problematização estaÌ relacionada aÌ€ maneira como o Rap tem sido abordado nas universidades. Levantamos algumas questões teoÌrico- metodoloÌgicas em trabalhos acadeÌ‚micos onde são realizadas leituras do Rap como representação. Em um aÌ‚mbito geral, esta arte eÌ representada essencialmente como muÌsica engajada, embora as argumentações nesse sentido se constituam tão somente sobre as letras e/ou comentaÌrios dos artistas. Nossa proposta eÌ analisar as muÌsicas atraveÌs de uma ideia de arte e não tão somente de um suposto discurso a partir das letras. Trata-se de explorar os muÌltiplos sentidos nas obras. Para isso, mostraremos algumas contradições entre imagens e sons, palavras e imagens e não necessariamente suas significações, uma vez que entendemos a arte como primazia do elemento esteÌtico sobre a necessidade de significar. O que estaÌ em jogo não eÌ a validade de um conteuÌdo da arte, mas o proÌprio dispositivo representativo, que se mostra problemaÌtico, pois mesmo que possamos perceber o julgamento da muÌsica com base em conceitos, haÌ pelo menos 200 anos vivemos sob o que Jacques RancieÌ€re aponta como o regime esteÌtico das artes, em que a arte pode ser entendida enquanto quebra da representação. A partir disso, focamos nossa anaÌlise nas cenas de dissenso que o Rap nos proporciona, e não em termos de uma ideia ou de um lugar social da arte, pois este pode ser um amplo campo de pesquisa que, antes de trazer respostas aos problemas suscitados na academia, eÌ produtora de distensões da ordem hieraÌrquica, e, portanto, eÌ poliÌtica.