MÚSICA: UM TERRITÓRIO COMUM EM AMAR, VERBO INTRANSITIVO, DE MÁRIO DE ANDRADE E A ÓPERA DE WAGNER
DOI:
https://doi.org/10.7867/1981-9943.2011v5n1p064-077Palavras-chave:
Estética comparada. Polifonia. Dialogismo. Literatura. Música.Resumo
Esta pesquisa tem por objetivo estudar o território comum entre a música e a literatura no romance Amar, Verbo Intransitivo, de Mário de Andrade. O autor constrói seu texto numa tentativa de aproximá-lo de uma ópera, pois as ações dos personagens e as situações dramáticas revelam-se como um texto cantado e orquestrado. No decorrer da leitura, compreendemos que o romancista adequa a música em sua essência artística, transpondo seus efeitos para a voz dos personagens. As transposições marcam o acompanhamento e a participação efetiva da orquestra nas modulações das falas de forma semelhante às óperas de Richard Wagner. Esse arranjo, na obra literária analisada, é expresso, ao longo do texto, por meio de figuras como metáforas e onomatopéias, entre outras. Seus efeitos se mostram mais profundos do que apenas a substituição de um termo literário por um recurso musical. Destarte, analisaremos o texto supracitado com o intuito de mostrar o diálogo com O Anel dos Niebelungos, de Wagner, não somente no ato cantado, como também orquestrado, garantido a unidade indissociável das obras. As análises são fundamentadas nas noções de dialogismo e polifonia de Bakhtin (2003), nas orientações de Heindel (1921) sobre as óperas e nos postulados de Souriau (1983) sobre A Correspondência das Artes complementados pelos estudos de Oliveira (2002) sobre Literatura e Música.
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