BRINQUEDO DE MIRITI, ARTE E CURRÍCULO: ALQUIMIA DECORRENTE DE EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA OUTRA

Autores

  • Joyce Otânia Seixas Ribeiro Campus Universitário de Abaetetuba/UFPA
  • Lidia Sarges Lobato Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.7867/1809-0354.2019v14n3p1092-1112

Palavras-chave:

Brinquedo de miriti, Arte-artesanato, Etnografia pós-moderna, Currículo.

Resumo

O objetivo é apresentar o processo de produção de informação sobre o brinquedo de miriti, um artesanato-arte de Abaetetuba/Pará, e ressaltar os desafios teórico-metodológicos impostos pela pesquisa ao nos arremessar para lugares impensados, expressos em ferramentas teóricas outras que contribuem sobremaneira para pensar o currículo. A pesquisa se desenvolveu no período de 2013-2015 com o auxílio decisivo de duas bolsistas de iniciação científica. O trabalho de campo – observação, conversações, captura de imagens – foi desenvolvido em dois ateliês de produção do brinquedo de miriti por um período de dez meses, orientado pela etnografia pós-moderna de James Clifford (1998). Esta modalidade de etnografia surgiu nos 70, quando os antropólogos passaram a considerar o mapa pós-colonial, o que exigiu uma reinvenção metodológica levada a efeito com as contribuições de Nietzsche (2012), Foucault (1994), Deleuze (1968) e Said (1978). A etnografia pós-moderna não se ocupa com a descrição densa, preferindo focar na tradução e na escritura de textos etnográficos, tarefa alcançada por meio do entendimento das diferenças e das relações de poder em certo ambiente cultural. Os textos não perseguem a objetividade, pois resultam das complexas relações vividas entre etnógrafo/a e interlocutores/as. Os resultados produzidos pelo denso volume informações – que aos poucos vem sendo analisado –, apontam que o lugar do brinquedo de miriti é marcado por discursos que colocam em cena tanto os significados hegemônicos que o qualificam como artesanato, quanto significados contestados, dos artesãos e artesãs, que o representam como arte. Os brinquedos de miriti são modelados nas buchas de miriti, matéria-prima extraída da árvore do miritizeiro, espécie abundante na Amazônia; as peças são modeladas em miniaturas repletas de detalhes e com colorido vibrante, a partir de temas que representam a vida ribeirinha na região. O brinquedo de miriti é central para a cidade, pois constituiu uma cultura particular que conta com dois elementos: a bicentenária tradição e o patrimônio cultural imaterial. Porém, apesar desta centralidade cultural, este artefato é ignorado nas escolas da cidade, o que impõe pensar a cultura como eixo para o currículo, a partir da alquimia promovida por ferramentas como tradição, patrimônio cultural, arte-artesanato e tradução, todas exploradas no campo dos Estudos Culturais.

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Biografia do Autor

Joyce Otânia Seixas Ribeiro, Campus Universitário de Abaetetuba/UFPA

Professora de didática da Faculdade de Educação e Ciências Sociais/FAECS

Lidia Sarges Lobato, Universidade Federal do Pará

Pedagoga, mestre em Educação/UFPA.

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Publicado

2019-12-18

Como Citar

SEIXAS RIBEIRO, Joyce Otânia; LOBATO, Lidia Sarges. BRINQUEDO DE MIRITI, ARTE E CURRÍCULO: ALQUIMIA DECORRENTE DE EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA OUTRA. Atos de Pesquisa em Educação, [S. l.], v. 14, n. 3, p. 1092–1112, 2019. DOI: 10.7867/1809-0354.2019v14n3p1092-1112. Disponível em: https://ojsrevista.furb.br/ojs/index.php/atosdepesquisa/article/view/8063. Acesso em: 22 nov. 2024.