APRENDER A APRENDER

PARA UMA PRÁXIS EDUCATIVA AMIGA-DAS-PESSOAS-AUTISTAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7867/1809-03542022e11129

Palavras-chave:

Espectro humano, Neurodiversidade, Pessoas autistas, Práxis educativa inclusiva

Resumo

Argumentando a favor de uma inclusão humanizante e de uma visão da neurodiversidade que incorpora todos os seres humanos, este artigo advoga uma práxis educativa amiga-das-pessoas-autistas, assente num pilar de justiça social e no desafio de aprender a aprender com essas pessoas. Neste artigo, retomamos registros resultantes de uma observação participante em uma escola de ensino básico portuguesa, para descrever seis momentos críticos e analisar sua potência humanizante. Assumindo uma abordagem qualitativa interpretativista, os referidos momentos foram descritos e as aprendizagens transformadoras inerentes analisadas. Ao longo da discussão e nas considerações finais, observou-se que uma práxis educativa atenta às diversidades neurológicas e de processamento sensorial é capaz de assegurar aprendizagens humanamente transformadoras.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Eunice Macedo, Universidade do Porto

Professora Auxiliar de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) e membro titular do CIIE - Centro de Investigação e Intervenção em Educação da Universidade do Porto. É doutora e mestre em Ciências da Educação pela FPCEUP. Trabalhou como docente durante vários anos em vários níveis e contextos educativos, incluindo na educação de adultos e na educação de pessoas com dificuldades de aprendizagem. A sua investigação sobre educação, cidadania e gênero, particularmente com jovens em contexto escolar, sustenta a sua intervenção em comunidades, na procura de formas de educação e de vida ligadas à felicidade e à realização pessoal, e mediadas pelo mundo.

Régia Vidal dos Santos, Serviço Social da Indústria - SESI

Doutora em Educação pela Universidade Nove de Julho (UNINOVE), com período sanduíche na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP). Graduada e licenciada em Artes Visuais e Pedagogia. Tem experiência como professora no ensino básico e superior na área da Arte e Educação Inclusiva. Atua como orientadora educacional no Serviço Social da Indústria (SESI/SP). Desenvolve pesquisas relacionadas à Educação Inclusiva, com ênfase nos processos de ensino-aprendizagem de pessoas autistas. É membro da Comunidade de Práticas de Investigação do Centro de Investigação e Intervenção Educacional da FPCEUP - Políticas e Vozes de Inclusão: Diversidade, Género e Interseccionalidade (COPin-PIV).

Alexandra Carvalho, Universidade do Porto

Como assistente social, tem desenvolvido a sua intervenção no domínio das migrações e dos direitos humanos. Tem prestado apoio técnico à investigação no Instituto Paulo Freire em Portugal e no Centro de Investigação e Intervenção em Educação da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (CIIE-FPCEUP). Foi assistente de investigação em três projetos internacionais e um nacional na área da Educação do CIIE-FPCEUP. Em 2020 concluiu um curso de especialização em intervenção social com crianças e jovens em situação de risco. Atualmente, trabalha como assistente técnica no Centro de Psicologia da Universidade do Porto (CPUP).

Referências

ARENDT, H. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

AUTISM SPEAKS. Autism and health: A special report by autism speaks. [S. l.]: Autism Speaks Inc., 2017. Disponível em: https://www.autismspeaks.org/sites/default/files/2018-09/autism-and-health-report.pdf. Acesso em: 12 fev. 2023.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Coimbra, Portugal: Editora 70, 2011.

BARON-COHEN, S. et al. Another advanced test of theory of mind: Evidence from very high functioning adults with autism or Asperger Syndrome. Journal of Child Psychology and Psychiatry, [s. l.], v. 38, n. 7, p. 813-822, 1997. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1469-7610.1997.tb01599.x. Acesso em: 12 fev. 2023.

BERNSTEIN, B. Pedagogy, symbolic control and identity: Theory, research and critique. Bristol: Taylor & Francis, 1996.

BOGDASHINA, O. Top 5 autism tips: Managing sensory difficulties. National Autistic Society, [s. l.], 2014. Disponível em: https://www.autism.org.uk/advice-and-guidance/professional-practice/sensory-differences. Acesso em: 10 jan. 2023.

BROOKFIELD, S. The skillful teacher. San Francisco, USA: Jossey Bass, 1990.

BROOKFIELD, S. Becoming a critically reflective teacher. San Francisco, USA: Jossey Bass, 2017.

BUCKINGHAM, K. The advantages of autism. In: CARPENTER, B.; HAPPÉ, F.; EGERTON, J. (ed.). Girls and autism: Educational, family and personal perspectives. Abingdon, England: Routledge, 2019. p. 19-25.

DOLTO, F. A imagem inconsciente do corpo. São Paulo: Perspectiva, 2008.

DONVAN, J.; ZUCKER, C. Outra sintonia: A história do autismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

DUNKER, C.; THEBAS, C. O palhaço e o psicanalista: como escutar os outros pode mudar vidas. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Porto, Portugal: Edições Afrontamento, 2018.

GARCIA GUTIÉRREZ, J. Construyendo una pedagogía de la solidaridad. La intervención educative en situaciones de emergencia. Revista Española de Pedagogía, [s. l.], año LXIX, n. 250, p. 537-551, 2011.

GHAZIUDDIN, M. Mental health aspects of autism and Asperger syndrome. London, England: Jessica Kingsley, 2005.

GRANDIN, T.; PANEK, R. O cérebro autista: Pensando através do espectro. Rio de Janeiro: Record, 2017.

HALSE, C.; FOX, B.; MAHONEY, C. Critical moments of intercultural learning in young people’s lives. European Conference on Educational Research, Copenhagen, 31 Oct. 2017. Disponível em: http://www.eera-ecer.de/ecer-programmes/conference/22/contribution/41666/. Acesso em: 12 fev. 2023.

HEWITT, S. Compreender o autismo: Estratégias para alunos com autismo nas escolas regulares. Porto, Portugal: Porto Editora, 2005.

JAARSMA, P.; WELIN, S. Autism as a natural human variation: Reflections on the claims of the neurodiversity movement. Health Care Analysis, [s. l.], n. 20, p. 20-30, 2012. DOI: https://doi.org/10.1007/s10728-011-0169-9. Acesso em: 12 fev. 2023.

JUST, M. et al. Cortical activation and synchronization during sentence comprehension in high-functioning autism: Evidence of underconnectivity. Brain, [s. l.], v. 127, n. 8, p. 1811-1821, 2004. DOI: https://doi.org/10.1093/brain/awh199. Acesso em: 12 fev. 2023.

KAPP, S. Autistic community and the neurodiversity movement. London, England: Palgrave Macmillan, 2020.

KONING, M. Lugares emergentes do sujeito-mulher: Viagens com Paulo Freire e Maria de Lourdes Pintassilgo. Porto, Portugal: Edições Afrontamento, 2006.

LESSARD, L.; JUVONEN, J. Body weight and academic achievement: The role of weight diversity in urban middle schools. School Psychology, [s. l.], v. 34, n. 3, p. 253-260, 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.1037/spq0000317. Acesso em: 10 jan. 2023.

LORDA, J. L. La educacion, el arte de despertar. Revista Española de Pedagogía, [s. l.], año LXXII, n. 258, p. 315-325, 2014.

MACEDO, E. Violência e violências sobre as mulheres: Auscultando lugares para uma democracia ‘outra’ mais autêntica. In: BRABO, T. (org.). Mulheres, gênero e violência. Marília: Oficina Universitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015. p. 15-35.

MACEDO, E. Aprender a aprender com pessoas autistas: Olhar a experiência a partir de incidentes críticos [Comunicação]. Trabalho apresentado na XIII Semana da Mulher, Mulheres e Gênero: Olhares sobre a educação, mídia, saúde e violência, Universidade Estadual Paulista, Marília, 27 mar. 2017.

MACEDO, E. Vozes jovens entre experiência e desejo: Cidadania educacional e outras construções. Porto, Portugal: Edições Afrontamento, 2018.

MACEDO, E. Primeiras palavras. In MACEDO, E. (org.). A educação como
experiência ética, estética e solidária: Buscando inspiração em Freire. Porto: Mais leituras. 2021. p. 6.

MACINTOSH, K.; DISSANAYAKE, C. Social skills and problem behaviors in school aged children with high functioning autism and Asperger’s disorder. Journal of Autism and Developmental Disorders, [s. l.], v. 36, n. 8, p. 1065-1076, 2006. DOI: https://doi.org/10.1007/s10803-006-0139-5. Acesso em: 10 jan. 2023.

MALEVAL, J. O autista e sua voz. São Paulo: Blucher, 2017.

MILTON, D.; MILLS, R.; PELLICANO, E. Ethics and autism: Where is the autistic voice? Commentary on Post et al. Journal of autism and developmental disorders, [s. l.], v. 44, n. 10, p. 2650-2651, 2012.

PEREIRA, M. Lugar de autista e sofrimento psíquico é no CAPSI. In: FURTADO, L.; VIEIRA, C. (org.). O autismo, o sujeito e a psicanálise: Consonâncias. Curitiba: CRV, 2014. p. 77-86.

RAO, P.; BEIDEL, D.; MURRAY, M. Social skills interventions for children with Asperger’s syndrome or high-functioning autism: A review and recommendations. Journal of Autism and Developmental Disorders, [s. l.], v. 38, n. 2, p. 353-361, 2008. DOI: https://doi.org/10.1007/s10803-007-0402-4. Acesso em: 10 jan. 2023.

RIPAMONTI, L. Disability, diversity, and autism: Philosophical perspectives on health. The New Bioethics, [s. l.], v. 22, n. 1, p. 56-70, 2016. DOI: https://doi.org/10.1080/20502877.2016.1151256. Acesso em: 10 jan. 2023.

SANTOS, R. Razões autistas na escola: Um espectro de saberes em uma condição singular. 2020. 327 f. Tese (Doutorado) – Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2020. Disponível em: https://bibliotecatede.uninove.br/handle/tede/2165. Acesso em: 10 jan. 2023.

SILBERMAN, S. NeuroTribes: The legacy of autism and the future of neurodiversity. New York, USA: Penguin Random House, 2015.

SOLOMON, M.; GOODLIN-JONES, B.; ANDERS, T. A social adjustment enhancement intervention for high functioning autism, Asperger’s syndrome, and pervasive developmental disorder NOS. Journal of Autism and Developmental Disorders, [s. l.], v. 34, n. 6, p. 649-668, 2014. DOI: https://doi.org/10.1007/s10803-004-5286-y. Acesso em: 12 fev. 2023.

STOER, S. Desocultando o voo das andorinhas: Educação inter/multicultural crítica como movimento social. In: STOER, S.; CORTESÃO, L.; CORREIA, J. (org.). Transnacionalização da educação: Da crise da educação à “educação” da crise. Porto, Portugal: Edições Afrontamento, 2001. p. 245-275.

STOER, S.; CORTESÃO, L. Levantando a pedra: Da pedagogia inter/multicultural às políticas educativas numa época de transnacionalização. Porto, Portugal: Edições Afrontamento, 1999.

UNITED NATIONS. Convention on the rights of persons with disabilities. New York: UN, 2006. Disponível em: https://www.un.org/development/desa/disabilities/convention-on-the-rights-of-persons-with-disabilities.html. Acesso em: 10 jan. 2023.

UNITED NATIONS. Transforming our world: The 2030 agenda for sustainable development. New York: UN, 2015. Disponível em: https://sdgs.un.org/sites/default/files/publications/21252030%20Agenda%20for%20Sustainable%20Development%20web.pdf. Acesso em: 10 jan. 2023.

UNITED NATIONS. World autism awareness day. New York: UN, 2019. Disponível em: https://www.un.org/en/events/autismday/events.shtml. Acesso em: 10 jan. 2023.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Disability and health. Geneva, Switzerland: WHO, 2021. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/disability-and-health. Acesso em: 12 fev. 2023.

YOUNG, I. Justice and the politics of difference. Princeton, Nova Jersey, USA: Princeton University Press, 1990.

Downloads

Publicado

2023-11-27

Edição

Seção

Dossiê: Transtorno do Espectro Autista e Educação