PINTURA OU ESCRITA: ESPELHOS E DERIVA EM BARCO A SECO
DOI:
https://doi.org/10.7867/1981-9943.2011v5n1p114-124Palabras clave:
Escrita. Pintura. Espelhamento. Fingimento.Leitor. Autor.Resumen
O artigo pretende apresentar algumas reflexões sobre a obra Barco a Seco, de Rubens Figueiredo. Na obra, o ato literário se encarrega de abrir circunstâncias para a relação entre literatura e artes plásticas. No entanto, ao longo das páginas, questões como o duplo, o falsário, o simulacro e, mesmo a possível falsificação das obras do pintor-personagem, deixam pistas sobre o fingimento atuante no próprio texto. Neste sentido, apresentamos algumas possíveis idéias para a leitura dessa obra, a partir, principalmente, da seguinte questão: os recursos literários na obra estabelecem um jogo de fingimento, no qual o leitor tem um papel a cumprir, ao abrir algumas possibilidades de leituras na medida em que se falseia a autoridade necessária para discursar sobre artes plásticas. Quando parece falar do Outro (pintura), o texto continua tratando de Si, pois utiliza os próprios códigos, os próprios instrumentos, a sua própria linguagem, Nossa leitura interessa-se, então, pelo texto que se escreve como um gesto literal, fala de Si, ao falar do Outro que é a pintura, aponta algumas das diversas possibilidades do fazer literário. Quando nos deparamos com trocas de identidades dos personagens; com a questão da autoria das obras do pintor-personagem; quando encontramos capítulos que se dão a ler como contos; ou ainda quando constatamos o cruzamento entre este romance e alguns contos de outros livros do mesmo autor, iluminam-se leituras sobre questões como a autoria, o papel do leitor no “funcionamento” da obra, e, aí também, a relação especular ou de duplicidade entre autor/leitor. Nas convergências e divergências dos personagens, mas também do leitor e do autor encontramos uma espécie de espelhamento. A leitura do cruzamento dessas subjetividades criadora e criativa, do autor/artista e do leitor/crítico, da narrativa pretende acompanhar o processo por que passam, que reforça a interseção, a multiplicidade e o reflexo.
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