“BILÍNGUE? SÓ SE EU TIVESSE UM CURSO OU ESCREVESSE DIARIAMENTE”: CONSIDERAÇÕES SOBRE BILINGUISMO E EDUCAÇÃO EM UM CONTEXTO DE LÍNGUAS DE IMIGRAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.7867/1809-0354.2011v6n1p146-163Palavras-chave:
Palavras-chave, Bilinguismo social. Línguas minoritárias. Educação. Imigração.Resumo
O sistema de colonização do Sul do Brasil possibilitou a formação de diversas comunidades bi/multilíngues, gerando um cenário sociolinguístico complexo na região do Vale do Itajaí, SC. Pesquisas têm mostrado que, em contextos desse tipo, ocorre, em geral, a estigmatização das línguas de herança e de seus falantes. O presente artigo pretende socializar e discutir os resultados de uma pesquisa, que teve como objetivo compreender o posicionamento de professores do ensino fundamental com relação ao contexto bi/multilíngue da região do Vale do Itajaí, SC, onde atuam. Para a pesquisa, de base interpretativista, utilizou-se como principal instrumento entrevistas semiestruturadas, gravadas em áudio, realizadas com professoras que atuam em escolas públicas. A análise dos registros, a partir da perspectiva teórica do bilinguismo social e da educação de grupos minoritários ou minoritarizados, sugere que o plurilinguismo da região ainda se faz presente na escola, embora o sistema de ensino continue a oferecer uma educação monolíngue aos grupos de línguas de imigração. As professoras entrevistadas consideram o seu repertório linguístico e dos seus alunos importante para sua vida, embora a língua de imigração seja vista como “dialeto” e não como língua. Os depoimentos também sinalizam que a responsabilidade pela continuidade do desenvolvimento das línguas de imigração deve-se à família, enquanto à escola cabe o papel de ensinar apenas a língua oficial do país. Considerando as línguas minoritárias um bem cultural dos grupos que as falam e da comunidade como um todo, a pesquisa aponta para a necessidade de se dar visibilidade ao contexto bi/plurilíngüe da região a fim de que os direitos linguísticos das crianças de grupos de línguas de imigração sejam respeitados e que elas possam ter acesso a práticas de letramento não somente em português, mas na língua do seu grupo étnico.Palavras-chave: Bilinguismo social. Línguas minoritárias. Educação. Imigração.
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