AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO ALUNO DE ESCOLA PÚBLICA PARTILHADAS POR PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA QUE ENSINAM EM ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES DE TERESINA

Resumo

Este trabalho teve como objetivo investigar as Representações Sociais do aluno de escola pública partilhadas por professores de Língua Inglesa do Ensino Básico de Teresina que atuam nas redes públicas e particulares de ensino. O estudo partiu da hipótese de que essas representações orientam as práticas do professor em sala de aula, recebendo ainda grande influência da formação inicial do professor, associada aos aspectos filosóficos e ideológicos que fundamentam tal formação. No caso dos professores de língua estrangeira no Brasil, dois modelos têm se destacado nos cursos de graduação: o modelo da racionalidade técnica e o modelo do professor reflexivo (SCHÖN, 1992; GOMEZ, 1992; NÓVOA, 1992; CONTRERAS, 2002; AGUIAR, 2003; PIMENTA, 2002; GIMENEZ, 2004). A prática do professor em sala de aula está relacionada, ainda, com o conceito de habitus de Pierre Bourdieu. Para o referido autor, as pessoas já estão predispostas a agir de certo modo, perseguir certos objetivos, aprovar certos gostos, etc., por influência do habitus, ou seja, por um conjunto de tendências que predispõem os agentes a agir e reagir de determinadas maneiras, gerando práticas, percepções e atitudes. Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado a entrevista semi-estruturada. Os dados foram submetidos a uma análise de conteúdo, por meio da técnica de análise categorial, conforme Bardin (1977). A partir da análise, chegaram a várias categorias, as quais foram reagrupadas em três grandes eixos representacionais: o primeiro relacionado ao aluno, o segundo relacionado à escola e o terceiro relacionado ao professor. Nesses eixos representacionais, o aluno de escola pública é representado como “coitado” e ainda como portador de déficits cognitivo e cultural; a escola pública é representada com conteúdo negativo: o ensino é fraco, os professores que trabalham na escola não são cobrados, em suma, a escola é bastante desvalorizada; os professores são representados por seus pares como profissionais descompromissados, subtraem a carga horária do aluno e reduzem o conteúdo da disciplina. Conclui-se que essas representações orientam as atividades do professor em sala de aula, contribuindo, sobretudo, para estruturar práticas resultantes de uma espécie de habitus professoral que só prejudica o desempenho dos alunos da escola pública. Palavras-chave: representações sociais; educação; escola pública, aluno, professor.