FOLGA ORGANIZACIONAL E DESEMPENHO FINANCEIRO SOB A PERSPECTIVA DAS TEORIAS DA AGÊNCIA E DA CONTINGÊNCIA: UMA ANÁLISE NOS ESTÁGIOS DO CICLO DE VIDA ORGANIZACIONAL

Autores

  • Abel Carneiro Mota Lima Universidade Federal da Bahia - UFBA
  • Joseilton Silveira da Rocha Universidade Federal da Bahia - UFBA
  • Adriano Leal Bruni Universidade Federal da Bahia - UFBA
  • José Maria Dias Filho Universidade Federal da Bahia - UFBA

DOI:

https://doi.org/10.4270/RUC.2018425

Palavras-chave:

Folga organizacional, Estágio do ciclo de vida, Teoria da agência, Teoria da contingência.

Resumo

Este estudo tem por objetivo investigar possíveis relações entre folga organizacional e desempenho financeiro das empresas listadas na B3 nos diversos Estágios do Ciclo de Vida das organizações (ECV) e sem esses, ao final, comparar os resultados. Para tanto, foi utilizada a metodologia proposta por Park e Chen (2006) para a determinação dos ECV. A partir de modelos de regressão linear múltipla, os três tipos de folga organizacional foram analisados em diferentes períodos do ECV. A pesquisa contempla um horizonte temporal de nove anos divididos em dois períodos: pré-crise (2005 a 2007) e pós-crise (2009 a 2014), totalizando 2.515 observações. Os resultados revelam que a associação da folga organizacional com o desempenho financeiro representado pelo ROA não se altera na análise por ECV e sem este. O ECV demonstra em quais estágios a folga organizacional apresenta uma relação mais forte e mais explicativa para a variação do ROA. Porém, o sinal da relação não se altera. A partir desses resultados, os gestores podem canalizar esforços para um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis em suas organizações. Em geral, a teoria das organizações, na perspectiva da contingência, apoia fortemente a associação das folgas disponível e potencial.  Os resultados se harmonizam perfeitamente com os pressupostos dessa teoria, pois sugerem que em períodos de fortes transformações no ambiente em que operam as empresas, a folga organizacional tende a ser utilizada como amortecedor dos impactos negativos exercidos por variáveis ambientais sobre o resultado financeiro. O estudo chama a atenção para a produção de informações gerenciais que propiciem a melhor tomada de decisão. Afinal, conhecer o comportamento dos diversos tipos de folga organizacional e sua associação com o desempenho financeiro das empresas nos diversos ECV pode promover sua melhoria.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Abel Carneiro Mota Lima, Universidade Federal da Bahia - UFBA

O artgido foi apresentado no XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade

Referências

ADIZES, I. Os ciclos de vida das organizações: como e por que as empresas crescem e morrem e o que fazer a respeito. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1993.

ALESSANDRI, T.; DEPPERU, D. C. D. (2014). Organizational slack, experience, and acquisition behavior across varying economic environments. Management Decision, v. 52, n. 5, p. 967-982, 2014.

ANTHONY, J; RAMESH, K. Association between accounting performance measures and stock returns. Journal of Accounting and Economic, v. 15, n. 2, p. 203-227, 1992.

BLACK, E. L. Life-cycle impacts on the incremental value-relevance of earnings and cash flow measures. Journal of Financial Statement Analysis, v. 4, n. 1, p. 40-56, 1998.

BOURGEOIS, L. J. On the measurement of organizational slack. Academy of Management Review, v. 6, p. 29-39, 1981.

BOURGEOIS, L. J.; SINGH, J. V. Organizational slack and political behavior among top management teams. Academy of Management Proceedings. p. 43-47, 1983.

CHENG, J. L. C.; KESNER, I. F. Organizational slack and response to environmental shifts: the impact of resource allocation patterns. Journal of Management, v. 23, n.1, p.1-18, 1997.

CYERT, R. M.; MARCH, J. G. A behavioral theory of the firm. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1963.

DALLABONA, L. F.; MACOHON, E. R. ZITTEI, M.; LAVARDA, C. E. F. Antecedentes e efeitos da folga organizacional em empresas listadas na b3: análise sob as perspectivas contingencial e agência. In: XXXVII Encontro da ANPAD, Rio de Janeiro. Anais ENANPAD, 2013.

DANIEL, F.; LOHRKE, F. T.; FORNACIARI, C. J.; TURNER JR., R. A. Slack resources and firm performance: A meta-analysis. Journal of Business Research, n. 57, p. 565-574, 2004.

DONADA, C.; DOSTALER, I. Relational antecedents of organizational slack: an empirical study into supplier-customer relationships. Management, v. 8, n. 2, p. 25-46, 2005.

DONALDSON, L. Teoria da contingência estrutural. In: CLEGG, S. R.; HARDY, C.; NORD, W. R. Handbook de estudos organizacionais. v. 1. São Paulo: Atlas, p. 105-133, 1999.

ESPEJO, M. M. S. B. Perfil dos atributos do sistema orçamentário sob a perspectiva contingencial: uma abordagem multivariada. 205 f. 2008. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Contábeis, Universidade de São Paulo, São Paulo.

FACÓ, J. F. B.; CSILLAG, J. M. Innovativeness of industry considering organizational slack and cooperation. Journal of Operations and Supply Chain Management, v. 3, n. 2, p. 108 - 120, 2010.

FAMA, E. F. Agency problems and the theory of the firm. Journal of Political Economy, Chicago, v. 88, n. 2, p. 288-307, 1980.

GEORGE, G. Slack resources and the performance of privately held firms. The Academy of Management Journal. v. 48, n. 4, p. 661-676, 2005.

GREENLEY, G. E.; OKTEMGIL, M. A comparison of slack resources in high and low performing British companies. Journal of Management Studies, v. 35, n. 3, p. 377-398, 1998.

ILBAY, O. Antecedents and effects of organizational slack. 2009. Master Thesis. Vrije Universiteit Amsterdam. Faculteit Economische Wetenschappen en Bedrijfskunde, 2009.

JENSEN, M. C.; MECKLING, W. H. Theory of the firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, 1976.

LIMA, A. S. Ciclo de vida organizacional: uma análise dos lucros anormais nos diferentes estágios do ciclo de vida das empresas listadas na B3. 2014. 69 f. Dissertação (Mestrado) - Pós-graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília (Unb), Universidade de Brasília – Unb, João Pessoa.

MATOS, E. R. J. Perfil do sistema de controle gerencial sob a perspectiva da teoria da contingência. 147 f. 2010. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Contábeis, Universidade de São Paulo, São Paulo.

NOHRIA, N.; GULATI, R. What is the optimum amount of organizational slack? a study of the relationship between slack and innovation in 1 multinational firms. European Management Journal, v. 15, n. 6, p. 603-611, 1997.

PARK, Y.; CHEN, K. H. The effect of accounting conservatism and life-cycle stages on firm valuation. Journal of Applied Business Research, v. 22, n. 3. p. 75-92, 2006.

PIRES, R. G. A informação contábil e a teoria de agência: um estudo da assimetria informacional em companhias abertas, listadas no novo mercado da Bovespa. 115 f. 2008. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Contábeis, PUC/SP/Ciências Contábeis e Atuariais, São Paulo.

PRIETULA, M. J.; WATSON, H. S. Extending the cyert-march duopoly model: organizational and economic insights. Organization Science, v. 11, n. 5, p. 565-585, 2000.

ROSS, S. A. The economic theory of agency: the principal's problem. The American Economic Review, v. 63, n. 2, p. 134-139, 1973.

SENDER, G. O papel da folga organizacional nas empresas: um estudo em bancos brasileiros. 226f. 2004. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

SHARFMAN, M. P.; WOLF, G.; CHASE, R. B.; TANSIK, D. A. Antecedents of organizational slack. The Academy of Management Review, v. 13, n. 4, p. 601-614, 1988.

SHEN, C. P. H.; LI, Y. How organizational slack affects new venture performance in China: a contingent perspective. Chinese Management Studies, v. 2, n. 5, p. 181-193, 2011.

SINGH, J. V. Performance, slack and, risk taking in organizational decision making. Academy of Management Journal. v. 29, n. 03, p. 562-585, 1986.

SOUZA, B.; NECYK, G.; FREZATTI, F. Ciclo de vida das organizações e a contabilidade gerencial. Enfoque: Reflexão Contábil, Paraná, v. 27, n. 1, p. 9-22, 2008.

SU, Z.; XIE, E.; LI, Y. Organizational slack and firm performance during institutional transitions. Asia Pac J Manag, v. 26, p. 75–91, 2009.

TAN, J. Curvilinear relationship between organizational slack and firm performance: evidence from Chinese state enterprises. European Management Journal, v. 21, n. 6, p. 740-749, 2003.

TAN, J.; PENG, M. W. Organizational slack and firm performance during economic transitions: two studies from an emerging economy. Strategic Management Journal, v. 24, p. 1249 – 1263, 2003.

THOMSON, N.; MILLAR, C. C. J. M. The role of slack in transforming organizations: a comparative analysis of east German and Slovenian companies, Inet. Studies of Magt. & Org., v. 31, n. 2, p. 65-83, 2001.

ZAREII, M. & VASEBI, B. Investigating the relationship between stock return and earnings quality in corporate life cycle stages. Journal of Basic and Applied Scientific Research, v. 3, n. 2, p. 2651-2656, 2012.

ZHONG, H. The relationship between slack resources and performance: an empirical study from China. I. J. Modern Education and Computer Science, v. 1, p. 1-8, 2011.

ZONA, F. Corporate investing as a response to economic downturn: prospect theory, the behavioral agency model and the role of financial slack. British Journal of Management, v. 23, p. S42-S47, 2012.

Publicado

2019-05-13

Edição

Seção

Seção Nacional