MUDANÇA DA CONTABILIDADE GERENCIAL E LEGITIMIDADE DE UMA ORGANIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR BRASILEIRO: UMA ABORDAGEM INSTITUCIONAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4270/ruc.2022117

Palavras-chave:

Contabilidade Gerencial, Teoria Institucional., Legitimidade, Isomorfismo, Terceiro Setor, Teoria Institucional

Resumo

O estudo objetiva verificar de que forma a mudança da contabilidade gerencial, sob a influência do isomorfismo, apoia o alcance da legitimidade de uma organização do terceiro setor. A relevância do tema consiste em compreender a contribuição da contabilidade gerencial para o alcance da legitimidade e da conformidade organizacionais aos valores ambientais, elementos essenciais à sobrevivência das organizações nesse segmento social. A pesquisa tem natureza descritiva, com abordagem qualitativa e coleta de dados por meio de entrevistas e documentos. Foi realizado estudo de caso em uma fundação privada educacional do Brasil. Os resultados apontaram que, na Fundação, a mudança institucional de regras e rotinas da contabilidade gerencial deu-se ao longo do seu período de atuação, suscitando em informações mais ágeis e seguras para a tomada de decisão. A mudança da contabilidade gerencial ocorreu sob a influência do isomorfismo coercitivo, mimético e normativo, e foi guiada por racionalidade e eficiência, para legitimação das ações, redução de incertezas e harmonia com as convenções aceitas. No intuito de alcançar legitimidade, as ações da contabilidade gerencial foram adequadas a um padrão de comportamento legal e socialmente aceito, e ao reconhecimento da Fundação como necessária à comunidade. O estudo amplia o entendimento da contabilidade gerencial para prover legitimidade às atividades da organização, no campo institucional do terceiro setor, área negligenciada na literatura contábil. A pesquisa contribui por apresentar evidências empíricas sobre mudanças na contabilidade gerencial ao longo do tempo, sob a influência das pressões isomórficas e das estruturas que lhe conferem legitimidade, no contexto do terceiro setor brasileiro, sugerindo novos estudos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Abrahamsson, G., & Gerdin, J. (2006). Exploiting institutional contradictions: the role of management accounting in continuous improvement implementation. Qualitative Research in Accounting & Management, 3(2), 126-144. https://doi.org/10.1108/11766090610670668

Amans, P., Mazars-Chapelon, A., & Villesèque-Dubus, F. (2015). Budgeting in institutional complexity: The case of performing arts organizations. Management Accounting Research, 27, 47-66. https://doi.org/10.1016/j.mar.2015.03.001

Angonese, R., & Lavarda, C. E. F. (2014). Analysis of the factors affecting resistance to changes in management accounting systems. Revista Contabilidade & Finanças, 25(66), 214-227. https://dx.doi.org/10.1590/1808-057x201410810

Arruda, L. L., Voese, S. B., Espejo, M. M. dos S. B., & Vieira, F. G. D. (2013). Ferramentas de contabilidade gerencial no terceiro setor: um estudo comparativo entre as WWF Brasil e Itália. Revista Iberoamericana de Contabilidad de Gestión, 11(22), 1-21. Recuperado de http://www.observatorio-iberoamericano.org/RICG/N%C2%BA_22/Leila_Arruda;_Simone_Voese;_Marcia_Bortolocci_Francisco_Vieira.pdf

Bardin, L. (2009). Análise de conteúdo. (3a ed.). Lisboa: Edições 70.

Berger, P. L., & Luckmann, T. (1967). The social construction of reality: a treatise in the sociology of knowledge. Anchor Books.

Beuren, I. M., de Souza, L. R. B., & Feuser, H. D. O. L. (2017). Implicações de um centro de serviços compartilhados na contabilidade gerencial: Uma Abordagem Institucional. REAd-Revista Eletrônica de Administração, 23(3), 32-61. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=401153590003

Beuren, I. M., & Macohon, E. R. (2010). Institucionalização de hábitos e rotinas na Contabilidade Gerencial em indústrias de móveis. Organizações & Sociedade, 17(55), 705-723. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=400638357008

Borges, G. M. C. (2017). Determinantes dos impedimentos de concessões e transferências de recursos públicos às entidades privadas sem fins lucrativos no Brasil (Tese de doutorado). Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. Recuperado de http://repositorio.unb.br/handle/10482/22366

Burns, J. (2000). The dynamics of accounting change inter-play between new practices, routines, institutions, power and politics. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 13(5), 566-596. https://doi.org/10.1108/09513570010353710

Burns, J., & Scapens, R. W. (2000). Conceptualizing management accounting change: An institutional framework. Management Accounting Research, 11(1), 3-25. https://doi.org/10.1006/mare.1999.0119

Chenhall, R. H., Hall, M., & Smith, D. (2017). The expressive role of performance measurement systems: A field study of a mental health development project. Accounting, Organizations and Society, 63, 60-75. https://doi.org/10.1016/j.aos.2014.11.002

Collier, P. M. (2001). The power of accounting: a field study of local financial management in a police force. Management Accounting Research, 12(4), 465-486. https://doi.org/10.1006/mare.2001.0157

Covaleski, M. A., & Dirsmith, M. W. (1988). An institutional perspective on the rise, social transformation, and fall of a university budget category. Administrative Science Quarterly, 33(4), 562-587. doi: 10.2307/2392644 Recuperado de https://www.jstor.org/stable/2392644

Covaleski, M. A., Dirsmith, M. W., & Michelman, J. E. (1993). An institutional theory perspective on the DRG framework, case-mix accounting systems and health-care organizations. Accounting, Organizations and Society, 18(1), 65-80. https://doi.org/10.1016/0361-3682(93)90025-2

Coyte, R., Emsley, D., & Boyd, D. (2010). Examining management accounting change as rules and routines: the effect of rule precision. Australian Accounting Review, 20(2), 96-109. https://doi.org/10.1111/j.1835-2561.2010.00083.x

Dimaggio, P. J., & Powell, W. W. (1983). The iron cage revisited: institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, 48(2), 147-169. doi: 10.2307/2095101 Recuperado de https://www.jstor.org/stable/2095101

Goretzki, L., Strauss, E., & Weber, J. (2013). An institutional perspective on the changes in management accountants’ professional role. Management Accounting Research, 24(1), 41-63. https://doi.org/10.1016/j.mar.2012.11.002

Gray, D. E. (2012). Pesquisa no mundo real. Penso Editora.

Guerra, C. E., & Aguiar, A. C. (2007). Institucionalização do terceiro setor brasileiro: da filantropia à gestão eficiente. In Congresso Virtual Brasileiro de Administração (Vol. 4, p. 1-18). Recuperado de http://www.convibra.com/2007/congresso/artigos/188.pdf

Guerreiro, R., Frezatti, F., & Casado, T. (2006). Em busca de um melhor entendimento da contabilidade gerencial através da integração de conceitos da psicologia, cultura organizacional e teoria institucional. Revista Contabilidade & Finanças, 17(spe), 7-21. https://doi.org/10.1590/S1519-70772006000400002

Guerreiro, R., Frezatti, F., Lopes, A. B., & Pereira, C. A. (2005). O entendimento da contabilidade gerencial sob a ótica da teoria institucional. Organizações & Sociedade, 12(35), 91-106. https://dx.doi.org/10.1590/S1984-92302005000400005

Guerreiro, R., Pereira, C. A., & Frezatti, F. (2008). Aplicação do modelo de Burns e Scapens para avaliação do processo de institucionalização da contabilidade gerencial. Organizações & Sociedade, 15(44), 45-62. https://dx.doi.org/10.1590/S1984-92302008000100003

Hopper, T., & Bui, B. (2016). Has management accounting research been critical? Management Accounting Research, 31, 10-30. https://doi.org/10.1016/j.mar.2015.08.001

Järvenpää, M. (2009). The institutional pillars of management accounting function. Journal of Accounting & Organizational Change, 5(4), 444-471. https://doi.org/10.1108/18325910910994676

Järvinen, J. T. (2016). Role of management accounting in applying new institutional logics: A comparative case study in the non-profit sector. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 29(5), 861-886. https://doi.org/10.1108/AAAJ-07-2012-01058

Johanne Pettersen, I., & Nyland, K. (2012). Reforms and clinical managers' responses: a study in Norwegian hospitals. Journal of Health Organization and Management, 26(1), 15-31. https://doi.org/10.1108/14777261211211070

Kraus, K., Kennergren, C., & von Unge, A. (2017). The interplay between ideological control and formal management control systems – A case study of a non-governmental organisation. Accounting, Organizations and Society, 63, 42-59. https://doi.org/10.1016/j.aos.2016.02.001

Krieger, M. G. M., & Andion, C. (2014). Legitimidade das organizações da sociedade civil: análise de conteúdo à luz da teoria da capacidade crítica. Revista de Administração Pública, 48(1), 83-110. Recuperado de http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/16050

Kury, K. W. (2007). Decoupled earnings: An institutional perspective of the consequences of maximizing shareholder value. Accounting Forum, 31(4), 370-383. https://doi.org/10.1016/j.accfor.2007.09.003

Lasyoud, A. A., Haslam, J., & Roslender, R. (2018). Management accounting change in developing countries: evidence from Libya. Asian Review of Accounting, 26(3), 278-313. https://doi.org/10.1108/ARA-03-2017-0057

Lavarda, C. E. F., & Popik, F. (2016). Contradições institucionais, práxis e mudança do controle gerencial: Estudo de caso em uma cooperativa. Advances in Scientific and Applied Accounting, 9(2), 119-140. http://asaa.anpcont.org.br/index.php/asaa/article/view/240/159

Lavarda, C. E. F., Ripoll-Feliu, V. M., & Barrachina-Palanca, M. (2009). La Interiorización del cambio de un sistema Contable de Gestión en la pequeña empresa. Revista Contabilidade & Finanças, 20(51), 101-115. https://dx.doi.org/10.1590/S1519-70772009000300007

Lawrence, T.B., Suddaby, R. (2006). Institutions and institutional work. In: Clegg, S., Hardy, C., Lawrence, T.B., Nord, W.R. (Eds.), The Sage Handbook of Organization Studies (pp. 215-254). Thousand Oaks: Sage Publications Inc.

Lukka, K. (2007). Management accounting change and stability: loosely coupled rules and routines in action. Management Accounting Research, 18(1), 76-101. https://doi.org/10.1016/j.mar.2006.06.006

Machado-da-Silva, C. L., & Fonseca, V. S. D. (2010). Competitividade organizacional: uma tentativa de reconstrução analítica. Revista de Administração Contemporânea, 14(spe), 33-49. https://doi.org/10.1590/S1415-65552010000600003

Machado-da-Silva, C. L., & Gonçalves, S. A. (1999). Nota técnica: a teoria institucional. In: Clegg, S., Hardy, C., Lawrence, T.B., Nord, W.R. (Eds.), Caldas, M.; Fachin, R.; Fischer, T. (Orgs.), Handbook de estudos organizacionais (pp. 211-242). São Paulo: Atlas.

Marassi, R. B., Wrubel, F., & Rosa, F. S. D. (2014). Análise da Institucionalização de Artefatos de Custos no Controle Gerencial em uma empresa Têxtil. Sociedade, Contabilidade e Gestão, 9(2), 58-79. Recuperado de http://atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-06/index.php/ufrj/article/viewArticle/2259

Meyer, J. W., & Rowan, B. (1977). Institutionalized organizations: Formal structure as myth and ceremony. American Journal of Sociology, 83(2), 340-363. https://doi.org/10.1086/226550

Milani Filho, M. A. F. (2009). Resultado econômico em organizações do Terceiro Setor: um estudo exploratório sobre a avaliação de desempenho. Revista Contabilidade e Controladoria, 1(1), 35-44. http://dx.doi.org/10.5380/rcc.v1i1.14710

Oliveira, J., & Quinn, M. (2015). Interactions of rules and routines: re-thinking rules. Journal of Accounting & Organizational Change, 11(4), 503-526. https://doi.org/10.1108/JAOC-11-2013-0095

Ozdil, E., & Hoque, Z. (2017). Budgetary change at a university: A narrative inquiry. The British Accounting Review, 49(3), 316-328. https://doi.org/10.1016/j.bar.2016.09.004

Oyadomari, J. C., de Mendonça Neto, O. R., Cardoso, R. L., & de Lima, M. P. (2008). Fatores que influenciam a adoção de artefatos de controle gerencial nas empresas brasileiras: um estudo exploratório sob a ótica da teoria institucional. Revista de Contabilidade e Organizações, 2(2), 55-70. https://doi.org/10.11606/rco.v2i2.34705

Paim, J. D. Q. (2017). Contribuições das universidades comunitárias de Santa Catarina para o desenvolvimento regional na sociedade do conhecimento (Dissertação de mestrado). Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, SC, Brasil. Recuperado de http://repositorio.unesc.net/handle/1/5473

Pizzini, M. J. (2006). The relation between cost-system design, managers’ evaluations of the relevance and usefulness of cost data, and financial performance: an empirical study of US hospitals. Accounting, Organizations and Society, 31(2), 179-210. https://doi.org/10.1016/j.aos.2004.11.001

Quinn, M., & Hiebl, M. R. (2018). Management accounting routines: a framework on their foundations. Qualitative Research in Accounting & Management, 15(4), 535-562. https://doi.org/10.1108/QRAM-05-2017-0042

Rezende, A. J., Guerreiro, R., & Dalmácio, F. Z. (2012). Uma análise do processo de desinstitucionalização de práticas contábeis de correção monetária em empresas brasileiras. Revista Contabilidade & Finanças, 23(58), 33-51. https://doi.org/10.1590/S1519-70772012000100003

Richardson, A. J. (1987). Accounting as a Legitimating Institution. Accounting, Organizations and Society, 12(4), 341-355. https://doi.org/10.1016/0361-3682(87)90023-7

Robalo, R. (2014). Explanations for the gap between management accounting rules and routines: An institutional approach. Revista de Contabilidad, 17(1), 88-97. https://doi.org/10.1016/j.rcsar.2014.03.002

Russo, P. T., & Guerreiro, R. (2017). Percepção sobre a sociomaterialidade das práticas de contabilidade gerencial. RAE-Revista de Administração de Empresas, 57(6), 567-584. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020170605

Scapens, R. W. (1994). Never mind the gap: towards an institutional perspective on management accounting practice. Management Accounting Research, 5(3-4), 301-321. https://doi.org/10.1006/mare.1994.1019

Scott, W. R. (1995). Institutions and organizations. Foundations for organizational science. London: Sage Publications.

Scott, W.R. (2001). Institutions and Organizations. London: Sage Publications.

Silva, C. E. G. (2010). Gestão, legislação e fontes de recursos no terceiro setor brasileiro: uma perspectiva histórica. Revista de Administração Pública, 44(6), 1301-1325. Recuperado de http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6964

Silva, C. E. G., & Aguiar, A. C. (2011). Avaliação de Atividades no terceiro setor de Belo Horizonte: da racionalidade subjacente às influências institucionais. Organizações & Sociedade, 18(56), 35-56. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=400638314003

Siti-Nabiha, A. K., & Scapens, R. W. (2005). Stability and change: an institutionalist study of management accounting change. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 18(1), 44-73. https://doi.org/10.1108/09513570510584656

Suchman, M. C. (1995). Managing legitimacy: Strategic and institutional approaches. Academy of Management Review, 20(3), 571-611. doi: 10.2307/258788 Recuperado de https://www.jstor.org/stable/258788

Tolbert, P. S., & Zucker, L. G. (1999). A institucionalização da teoria institucional. In: Clegg, S., Hardy, C., Lawrence, T.B., Nord, W.R. (Eds.), Caldas, M.; Fachin, R.; Fischer, T. (Orgs.), Handbook de estudos organizacionais (pp. 196-219). São Paulo: Atlas.

van der Steen, M. (2011). The emergence and change of management accounting routines. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 24(4), 502-547. https://doi.org/10.1108/09513571111133072

Verbeeten, F. H. (2011). Public sector cost management practices in The Netherlands. International Journal of Public Sector Management, 24(6), 492-506. https://doi.org/10.1108/09513551111163620

Yazdifar, H., Zaman, M., Tsamenyi, M., & Askarany, D. (2008). Management accounting change in a subsidiary organisation. Critical Perspectives on Accounting, 19(3), 404-430. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2006.08.004

Yin, R. K. (2015). Estudo de caso: planejamento e métodos. (5a ed.). Porto Alegre: Bookman.

Youssef, M. A. (2013). Management accounting change in an Egyptian organization: an institutional analysis. Journal of Accounting & Organizational Change, 9(1), 50-73. https://doi.org/10.1108/18325911311307203

Zuccolotto, R., Melo Silva. G., & Emmendoerfer, M. (2010). Limitações e possibilidades de compreensão da utilização das práticas de contabilidade gerencial por perspectivas da teoria institucional. BASE-Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos, 7(3), 233-246. doi: 10.4013/base.2010.73.05 Recuperado de https://www.academia.edu/11991812/

Downloads

Publicado

2024-01-29

Edição

Seção

Seção Nacional