O ASPECTO CONSERVADOR DA FORMAÇÃO EM CONTABILIDADE NO AMBIENTE DE AVERSÃO À PERDA DIANTE DE VALORES CULTURAIS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4270/ruc.2020425

Palavras-chave:

Aversão à Perda, Dimensões Culturais, Conservadorismo, Contabilidade., Valores Culturais, Contabilidade

Resumo

A literatura indica que as perdas possuem uma aparência emocional maior do que os ganhos, além de apontar que as pessoas de diferentes orientações culturais podem tomar decisões distintas. Este artigo tem como objetivo investigar se as dimensões culturais impactam as decisões dos profissionais da área gerencial, que possuem graduação em Ciências Contábeis, em um ambiente de aversão à perda. A coleta de dados ocorreu por meio da aplicação de questionários para estudantes que estão cursando pós-graduação lato sensu em áreas ligadas à gestão. O tratamento estatístico se deu por meio de regressão linear múltipla pelo Método dos Mínimos Quadrados Ordinários e teste não paramétrico de Mann-Whitney. Os resultados indicaram que as dimensões culturais Aversão à Incerteza e Masculina/Feminina, relacionadas com práticas conservadoras, impactam, significativamente, no grau de aversão à perda dos profissionais da área gerencial que possuem formação em contabilidade, em relação aos que possuem formação em outras áreas. Adicionalmente, os resultados indicaram que o nível de aversão à perda é maior para os indivíduos do sexo masculino, independentemente do aspecto cultural. Observa-se que a raiz biológica no comportamento conservador, juntamente com o ambiente cultural, resgatam o viés emocional dos profissionais com graduação em Ciências Contábeis, que podem ser influenciados pelos princípios e pelas normas e práticas. Esta pesquisa possui um viés inovador em considerar o aspecto conservador dos profissionais da área gerencial, graduados em Ciências Contábeis, diante de valores culturais. Todavia, como pesquisa exploratória, o estudo possui limitação de tamanho da amostra e amplitude geográfica. Essas observações, em tempo, servem como sugestão para estudos subsequentes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Anderson José Freitas de Cerqueira, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutorando em Administração pela UFBA; Bolsista de Produtividade do Centro Universitário Estácio da Bahia

César Valentim de Oliveira Carvalho Júnior, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutor em Contabilidade pela FEA/USP
Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Contábeis da UFBA

José Maria Dias Filho, Universidade Federal da Bahia (UFBA)


Doutor em Contabilidade pela FEA/USP
Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Contábeis da UFBA

Referências

Apicella, C., Azevedo, E, Christakis, N & Fowler, J (2014). Evolutionary Origins of the Endowment Effect: Evidence from Hunter-Gatherers. American Economic Review, 104(6), 1793–1805. http://dx.doi.org/10.1257/aer.104.6.1793

Armstrong, C. S., Guay, W. R. & Weber, J. P., (2010). The role of information and financial reporting in corporate governance and debt contracting, Journal of Accounting and Economics, 50(2/3), 179-234. http://dx.doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.10.001

Barkerville, R (2003). Hofstede never studied culture. Accounting, Organizations and Society, 28, 1–14.

Bernartzi, S. & Thaler, R. (1995). Myopic Loss Aversion and the Equity Premium Puzzle. The Quarterly Journal of Economics, 110(1), 73-92. http://dx.doi.org/10.3386/w4369

Basu, S. (1997). The conservatism principle and the asymmetric timeliness of earnings. Journal of Accounting and Economics, 24, 3-37. https://doi.org/10.1016/S0165-4101(97)00014-1

Barberis, N. & Hua N. G. (2001), M. Mental Accounting, Loss Aversion, and Individual Stock Returns, Journal of Finance, 56(4), 1247–1292. https://doi.org/10.3386/w8190

Brasil - Geert Hofstede. ([s.d.]). Recuperado 19 de fevereiro de 2017, de https://geert-hofstede.com/brazil.html.

Libby, R., Bloomfield, R. & Nelson, M. (2002). Experimental research in financial accounting. Accounting, Organizations and Society, 27, 775–810. https://doi.org/10.1016/S0361-3682(01)00011-3

Carvalho, C., Alburquerque, F., Quirós, J., Justino, M. (2015). Uma Análise das Diferenças em Termos da Cultura a Partir do Projeto de Substituição da IAS 39: Financial Instruments – Recognition and Measurement. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, 9(1), 5-24. https://doi.org/10.17524/repec.v9i1.1112

Castro Neto, J. (1998). Contribuição ao Estudo da Prática Harmonizada da Contabilidade na União Europeia. 1998. Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade) – Curso de Pós–Graduação em Controladoria e Contabilidade , Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Castro Neto, J., Itoz, C., Lima, I., Pasqual, D., Bastos, E. & Muller, E. (2006). O Papel das culturas nacionais nas práticas contábeis do Brasil, Estados Unidos, França, Alemanha e Japão. In: ENCONTRO DA ANPAD, 30, 2006. Salvador. Anais… Salvador: EnANPAD.

Chand, P., Cummings, L. and Patel, C. (2012), The effect of accounting education and

national culture on accounting judgments: a comparative study of Anglo-celtic and Chinese culture, European Accounting Review, 21(1), 153-182. https://doi.org/10.1080/09638180.2011.591524

Dickhaut, J. (2009). The Brain as the Original Accounting Institution. The Accounting Review, 84(6), 1703–171. http://dx.doi.org/10.2308/accr.2009.84.6.1703

Dickhaut, J., Basu, S., Mccabe, K. & Waymire, G. (2010). Neuroaccounting: Consilience between the Biologically Evolved Brain and Culturally Evolved Accounting Principles. Accounting Horizons, 24(2), 221–255. http://dx.doi.org/10.2308/acch.2010.24.2.221

Doupnik, T, S. & Richter, M. (2004), The impact of culture on the interpretation of “in context†verbal probability expressions, Journal of International Accounting Research, 3(1), 1-20. https://doi.org/10.2308/jiar.2004.3.1.1

Doupnik, Timothy S. & Riccio, Edson Luiz, (2006), The influence of conservatism and secrecy on the interpretation of verbal probability expressions in the Anglo and Latin cultural areas, The International Journal of Accounting, 41(3), 237-261. https://doi.org/10.1016/j.intacc.2006.07.005

Gray, S. (1988). Towards a Theory of Cultural Influence on the Development of Accounting Systems Internationally. Abacus, 1-15, 1988. https://doi.org/10.1111/j.1467-6281.1988.tb00200.x

Hair, J., Anderson, R., Tatham, R. & Black, W. (2005). Análise Multivariada de Dados, (5. ed). New Jersey: Pearson.

Hichem Khlif, 2016. Hofstede’s cultural dimensions in accounting research: a review, Meditari Accountancy Research, Emerald Group Publishing, vol. 24(4), pages 545-573, October. http://dx.doi.org/10.1108/MEDAR-02-2016-0041

Hofstede, G., Bram, N. Ohayv, D. & Sanders, G. (1990). Measuring Organizational Cultures: A qualitative and quantitative study across twenty cases. Administrative Science Quartely, 35(2), 286-316, 1990. http://dx.doi.org/10.2307/2393392

Hofstede, G. (1991). Cultures and Organizations: Software of the mind. McGraw Hill: London.

_____________. (2001). Culture’s consequences, comparing values, behaviors, institutions, and organizations across nations. Thousand Oaks CA: Sage Publications.

Hofstede, G., Hilal, A., Malvezzi, S., Tanure, B. & Vinken, H. (2010). Comparing Regional Cultures Within a Country: Lessons From Brazil. Journal of Cross-Cultural Psychology, 41(3), 336-352. https://doi.org/10.1177%2F0022022109359696

Joannidés, V., Wichramasinghe, D. and Berland, N. (2012), Critiques on Gray-Hofstede’s model: what impact in cross-cultural accounting research?, In Conference Proceedings Comptabilités et innovations, Grenoble, France (2012). Available from: http://hal.archivesouvertes.fr/hal-00690933/. Retrieved 10.07.2017.

Kahneman, D. & Tversky, A. (1979). Prospect Theory: an analysis of decision under risk. Econométrica, 47(2), 263-291.

_____________. Choices, Values, and Frames. (1983). American Psychologist, 39(4), 341-350.

Han, S., Kang, T., Salter, S. & Yoo, Y.K. (2010). A cross-country study on the effects of national culture on earnings management, Journal of International Business Studies, 41(1), 123–141. https://doi.org/10.1057/jibs.2008.78

Kahneman, Daniel, Jack L. Knetsch, & Richard H. Thaler. 1991. Anomalies: The Endowment Effect, Loss Aversion, and Status Quo Bias. Journal of Economic Perspectives, 5 (1): 193-206. https://doi.org/10.1257/jep.5.1.193

Kang, T., Fen, L., Ng, J. & Tay, J. (2004). The Impact of Culture on Accounting Choices: Can Cultural Conservatism Explain Accounting Conservatism?. Fourth Asia Pacific Interdisciplinary Research in Accounting Conference. Research Collection School Of Accountancy, Singapura.

Le Breton, D. (2009). As paixões ordinárias: antropologia das emoções. Rio de Janeiro: Vozes.

Li, Y., Yexin, J., Kenrick, D., Griskevicius, V. & Neuberg, S. (2012). Economic Decision Biases and Fundamental Motivations: How Mating and Self-Protection Alter Loss Aversion. Journal of Personality and Social Psychology, 102(3), 550–561. https://psycnet.apa.org/doi/10.1037/a0025844

Lima, B. (2016). O Impacto das Dimensões Culturais sobre a Prática Contábil no Brasil: um olhar a partir da Percepção dos Operadores da Contabilidade. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, 10(4), 363-379. http://dx.doi.org/10.17524/repec.v10i4.1398

Macêdo, J., Lopes, J., Silva, L., Ribeiro Filho, J., Pederneiras, M. & Feitosa, M. (2010). Convergência contábil na área pública: uma análise das percepções dos auditores de TCES, contadores e gestores públicos. Revista de Contabilidade e Organizações, 4(8), 69-91. https://doi.org/10.11606/rco.v4i8.34759

Machado, M. & Nakao, S. (2014). Influência das diferenças culturais, econômicas e sociais na adoção das IFRS. Revista Universo Contábil, 10(1), 104-125. https://doi.org/10.4270/RUC.2014106

Melo, C. & Silva, C. (2010). Finanças Comportamentais: um estudo da influência da faixa etária, gênero e ocupação na aversão à perda. Revista de Contabilidade e Organizações, 4(8), 3-23. https://doi.org/10.11606/rco.v4i8.34756

Miguel, F. K. (2015). Psicologia das emoções: uma proposta integrativa para compreender a expressão emocional. Psico-USF, Bragança Paulista, 20(1), 153-162. http://dx.doi.org/10.1590/1413-82712015200114

Novemsky, N. & Kahneman, D. (2005b). How do intentions affect loss aversion? Journal of Marketing Research, 42(2), 139–140. https://doi.org/10.1509/jmkr.42.2.139.62295

Patel, C., Harrison, G.L. & McKinnon, J.L. (2002), Cultural Influences on Judgments of Professional Accountants in Auditor–Client Conflict Resolution. Journal of International Financial Management & Accounting, 13: 1-31. doi:10.1111/1467-646X.00077

Rebequi, T. (2015). Diferenças culturais brasileiras e suas implicações na experiência do usuário em interfaces web. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Curso de Pós-graduação em Sistemas de Informação, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Rieger, M., Wang, M. & Hens, T. (2014). Risk preferences around the world. Management Science, 61(3), 637–648. http://dx.doi.org/10.1287/mnsc.2013.1869

Rouziès, D., Segalla, M. & Besson, M. (1999). The impact of cultural dimensions on sales force compensation, Jouy en Josas.

Schein, E. (1997). Organizational culture and leadership. San Francisco: Jossey-Bass.

Schultz, J. J. & Lopez, T. J. (2001), The impact of national influence on accounting estimates: implications for international accounting standard-setters, The International Journal of Accounting, 36, 271−290. https://doi.org/10.1016/S0020-7063(01)00103-0

Sokol-Hessner, P., Hsu, M., Curley, N., Delgado, M., Camerer, C. & Phelps, E. (2009) Thinking like a trader selectively reduces individuals’ loss aversion. Proceedings of the National Academy of Sciences, 106(13), 5035–5040. https://doi.org/10.1073/pnas.0806761106

Thaler, R. (2001) Dando aos mercados uma dimensão humana. Dominando Finanças. São Paulo: Makron.

Thaler, R. & Sunstein, R. (2008). Nudge: Improving decisions about health, wealth, and happiness. Yale University Press, New Haven: CT.

Tversky, A. & Kahneman, D. (1974). Judgment under Uncertainty: Heuristics and Biases. Science, New Series, 185(4157), 1124-1131, 1974. https://doi.org/10.1126/science.185.4157.1124.

_____________. (1991). Loss aversion in riskless choice: A reference-dependent model. Quarterly Journal of Economics, 106, 1039–1061, 1991. https://doi.org/10.2307/2937956

_____________. (1992). Advances in prospect theory: Cumulative Representation of Uncertainty. Journal of Risk and Uncertainty, 5, 297-323. https://doi.org/10.1007/BF00122574

Wang. M., Rieger, M. & Hens, T. (2016). The Impact of Culture on Loss Aversion. Journal of Behavioral Decision Making, 30(2), 270-281. The Impact of Culture on Loss Aversion. Journal of Behavioral Decision Making, 30(2), 270-281.

Publicado

2021-11-26

Como Citar

Cerqueira, A. J. F. de, Carvalho Júnior, C. V. de O., & Dias Filho, J. M. (2021). O ASPECTO CONSERVADOR DA FORMAÇÃO EM CONTABILIDADE NO AMBIENTE DE AVERSÃO À PERDA DIANTE DE VALORES CULTURAIS. Revista Universo Contábil, 16(4), 96–122. https://doi.org/10.4270/ruc.2020425

Edição

Seção

Seção Nacional