SISTEMAS DE CONTROLE GERENCIAL COMO INSTRUMENTO DE PODER SOB A ÓTICA DE BOURDIEU
DOI:
https://doi.org/10.4270/ruc.2020102Palavras-chave:
Pacote de Sistemas de Controle Gerencial, Poder simbólico, Violência simbólica, Estudo de caso.Resumo
Esta pesquisa objetivou compreender como os Sistemas de Controle Gerencial se configuram como instrumento de poder, sob a perspectiva bourdiesiana das relações de poder. Realizou-se estudo de caso interpretativista, posicionado no paradigma pós-estruturalista. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas, observações e pesquisa documental. Os procedimentos analíticos envolveram as codificações aberta, axial e seletiva e adotou-se triangulação de dados multicritério. Constatou-se a complementariedade entre os controles culturais, planejamento, controles cibernéticos, remuneração e recompensas e controles administrativos. O pacote de Sistemas de Controle Gerencial é definido principalmente em função dos controles culturais. Ademais, os controles investigados são instrumentos simbólicos de poder, que estabelecem normas para funcionamento do campo e reproduzem relações de poder; as quais resultam na definição das atuações da organização investigada perante à sociedade e aos seus próprios funcionários, e no estabelecimento de hierarquias de dominação, influência e controle sobre os agentes sociais. Em contrapartida, o poder também serve de insumo para a definição e aplicação dos Sistemas de Controle Gerencial na empresa. Diante dessas considerações, conclui-se que os Sistemas de Controle Gerencial representam e propiciam a obtenção de capital econômico, cultural, social e simbólico, e proporcionam uma estrutura geral para as ações do campo. Assim, tal estrutura culmina no desenvolvimento do habitus, e é assimilada mentalmente e fisicamente pela doxa e hexis corporal; e os controles são determinantes para a construção das práticas do campo e o exercício do poder.Downloads
Referências
Alawattage, C. (2011). The calculative reproduction of social structures - The field of gem mining in Sri Lanka. Critical Perspectives on Accounting, 22(1), 1-19.
Alvesson, M., & Kärreman, D. (2004). Interfaces of control: Technocratic and socio-ideological control in a global management consultancy firm. Accounting, Organizations and Society, 29(3), 423-444.
Baxter, J., & Chua, W. F. (2003). Alternative management accounting research—whence and whither. Accounting, Organizations and Society, 28(2), 97-126.
Bourdieu, P. (1989). O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Bourdieu, P. (1990). The logic of practice. Palo Alto, CA: Stanford University Press.
Bourdieu, P. (1991). Language and symbolic power. Cambridge: Polity Press.
Bourdieu, P. (1996). Distinction: a social critique of the judment of the taste. Massachusetts: Harvard University Press.
Bourdieu, P. (1997). The forms of capital. In A. Halsey, H. Lauder, P. Brown, & S. Wells (Eds.), Education: Culture, Economy and Society (pp. 46-58). New York: Oxford University Press.
Bourdieu, P. (2004). Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense.
Bourdieu, P. (2005). The social structures of the economy. Cambridge: Polity Press.
Bourdieu, P. (2008). Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus.
Bourdieu, P., & Wacquant, L. J. (1992). An invitation to reflexive sociology. Chicago: University of Chicago Press.
Chenhall, R. H. (2003). Management control systems design within its organizational context: findings from contingency-based research and directions for the future Accounting, Organizations and Society, 28(2), 127-168.
Cosenza, J. P., Teixeira Filho, A. C., & Lopes, R. D. S. S. A. (2012). Reflexão sobre relações entre poder e contabilidade. Revista Contabilidade, Gestão e Governança, 15(2), 78-94.
Costa, F., & Martins, G. A. (2016). Características epistemológicas de publicações científicas em Contabilidade: evidências de um cenário produtivista. Revista Contemporânea de Contabilidade, 13(29), 33-68.
Delbridge, R., & Ezzamel, M. (2005). The strength of difference: Contemporary conceptions of control. Organization, 12(5), 603-618.
Denzin, N. K., & Lincoln, Y. S. (2006). O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed.
Ejiogu, A., Ambituuni, A., & Ejiogu, C. (2018). Accounting for accounting’s role in the neoliberalization processes of social housing in England: A Bourdieusian perspective. Critical Perspectives on Accounting, 10, 20-53.
Emirbayer, M., & Johnson, V. (2008). Bourdieu and organizational analysis. Theory and Society, 37(1), 1-44.
Everett, J. (2002). Organizational research and the praxeology of Pierre Bourdieu. Organizational Research Methods, 5(1), 56-80.
Free, C., & Macintosh, N. B. (2009). Bourdieu's logic of practice theory: possibilities for research on management accounting and control. Queen's School of Business Research Paper, No. 02-09.
Frezatti, F., Nascimento, A. R., & Junqueira, E. (2009). Desenvolvimento da pesquisa em Contabilidade Gerencial: as restrições da abordagem monoparadigmática de Zimmerman. Revista Contabilidade & Finanças, 20(49), 6-24.
Fukofuka, P., & Jacobs, K. (2018). Accounting as capital and doxa: exploring power and resistance in World Bank projects in Tonga. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 31(2), 608-625
Guerreiro, R. (2006). Editorial: a abordagem institucional na contabilidade gerencial. Revista Contabilidade & Finanças, 17(40), 3.
Hamilton, G., & Ó hÓgartaigh, C. (2009). The third policeman: ‘the true and fair view’, language and the habitus of accounting. Critical Perspectives on Accounting, 20(8), 910-920.
Homero Jr., P. F. H. (2017). A Constituição do Campo Científico e a Baixa Diversidade da Pesquisa Contábil Brasileira. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC), 11(3), 314-328.
Hopwood, A. G. (1987). The archeology of accounting systems. Accounting, Organizations and Society, 12(3), 207-234.
Lombardi, L. (2016). Disempowerment and empowerment of accounting: An Indigenous accounting context. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 29(8), 1320-1341.
Lourenço, R. L., & Sauerbronn, F. F. (2018). Teorias da prática social para pesquisas em contabilidade gerencial: possibilidades a partir de Pierre Bourdieu e Anthony Giddens. Revista Contemporânea de Contabilidade, 15(35), 204-232.
Lyke, A. (2017). Habitus, doxa, and saga: Applications of Bourdieu’s theory of practice to organizational history. Management & Organizational History, 12(2), 163-173.
Macintosh, N. B. (2007). Accounting, accountants and accountability: poststructuralist positions. New York: Routledge.
Macintosh, N. B. & Quattrone, P. (2010). Management accounting and control systems: an organizational and sociological approach. Great Britain: Wiley.
Macohon, E. R., & Lavarda, C. E. F. (2015). A Tríade de Giddens na Pesquisa em Contabilidade. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC), 9(3), 242-257.
Mahama, H. (2006). Management control systems, cooperation and performance in strategic supply relationships: A survey in the mines. Management Accounting Research, 17(3), 315-339.
Major, M. J. (2017). O positivismo e a pesquisa ‘alternativa’ em Contabilidade. Revista Contabilidade & Finanças-USP, 28(74), 173-178.
Malmi, T., & Brown, D. A. (2008). Management control systems as a package –Opportunities, challenges and research directions. Management Accounting Research, 19(4), 287-300.
Malsch, B., Gendron, Y., & Grazzini, F. (2011). Investigating interdisciplinary translations: The influence of Pierre Bourdieu on accounting literature. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 24(2), 194-228.
Mendonça Neto, O. R., Cardoso, R. L., Riccio, E. L., & Sakata, M. C. G. (2008). A contabilidade a serviço do Nazismo: uma análise da utilização da contabilidade como instrumento de exercício de poder. Revista de Contabilidade da UFBA, 2(2), 4-14.
Merchant, K. A., & Van der Stede, W. A. (2007). Management control systems: performance measurement, evaluation and incentives. New Jersey: Prentice Hall.
Miller, P. (2001). Governing by numbers: Why calculative practices matter. Social research, 68(2), 379-396.
Miller, P., & O'Leary, T. (1994). Governing the calculable person. In A. G. Hopwood & P. Miller (Eds.). Accounting as social and institutional practice (pp. 98-115). Cambridge: Cambridge University Press - Cambridge Studies in Management.
Nascimento, A. R. (2011). Controle gerencial como prática social e organizacional: análise crítica a partir de três paradigmas de pesquisa. (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, Programa de Pós Graduação em Controladoria e Contabilidade, São Paulo, SP, Brasil.
Neu, D. (2000). “Presents†for the “Indiansâ€: land, colonialism and accounting in Canada. Accounting, Organizations and Society, 25(2), 163-184.
Oliveira, P. P. (2005). Illusio: aquém e além de Bourdieu. Mana, 11(2), 529-543.
Paiva Jr., F. G., Leão, A. L. M. S., & Mello, S. C. B. (2011). Validade e confiabilidade na pesquisa qualitativa em administração. Revista de Ciências da Administração, 13(31), 190-209.
Stake, R. E. (1995). The art of case study research. London: Sage.
Strauss, A., & Corbin, J. (2008). Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para desenvolvimento de teoria fundamentada. Porto Alegre: Artmed.
Swartz, D. L. (2008). Bringing Bourdieu’s master concepts into organizational analysis. Theory and Society, 37(1), 45-52.
Vogt, M., Silva, M. Z., & Venturini, J. C. (2019). As relações de poder nas pesquisas em contabilidade: uma análise a partir da perspectiva de Foucault e Bourdieu. Cuadernos de Contabilidad, 20(49), 1-15.
Wacquant, L. J. (1987). Symbolic violence and the making of the French agriculturalist: an enquiry into Pierre Bourdieu's sociology. The Australian and New Zealand Journal of Sociology, 23(1), 65-88.
Warren, C. A. B. Qualitative interviewing. (2002). In Gubrium, J. F. & Holstein, A. J. (Eds.). Handbook of interview research (pp. 83-101). London: Sage.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais. A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não-comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público. Os artigos publicados são de total e exclusiva responsabilidade dos autores.
• O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do artigo na revista;
• O(s) autor(es) garante(m) que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s);
• A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es);
• É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação;
• O(s) autor(es) declaram que o artigo não possui conflitos de interesse.