CONSERVADORISMO CONDICIONAL NA INDÚSTRIA BANCÁRIA BRASILEIRA EM SITUAÇÕES DE MAIOR PERCEPÇÃO DE RISCO

Autores

  • José Alves Dantas Centro Universitário Brasília (Uniceub)
  • Edilson Paulo Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
  • Otávio Ribeiro Medeiros Universidade de Brasília (UnB)

DOI:

https://doi.org/10.4270/ruc.20139

Palavras-chave:

Conservadorismo Contábil, Bancos, Riscos, Ganhos e Perdas, Resultados.

Resumo

Estudos sobre o conservadorismo condicional, que pressupõe uma assimetria no reconhecimento de boas e más notícias nos resultados, são relativamente comuns na literatura contábil, tanto em âmbito internacional como nacional. Os que examinam essa prática no âmbito da indústria bancária, porém, são recentes e escassos. O presente artigo procura contribuir para preencher essa lacuna, tendo como propósito verificar se os resultados contábeis dos bancos brasileiros registram evidências de conservadorismo condicional e, mais especificamente, se essa prática pode ser associada a situações de maior percepção de risco. Para a realização dos testes empíricos foram utilizados os dados das informações financeiras trimestrais dos bancos comerciais, bancos múltiplos e caixas econômicas, entre 2001 e 2010. As proxies representativas das situações de maior percepção de risco foram construídas em função dos períodos caracterizados como de risco sistêmico, do Índice de Basileia e do nível de capitalização contábil dos bancos. As evidências obtidas confirmaram, inicialmente, a premissa de assimetria no reconhecimento das boas e más notícias, com o diferimento dos ganhos econômicos e reconhecimento mais tempestivo das perdas, corroborando a hipótese de conservadorismo condicional nos resultados contábeis dos bancos brasileiros. Não foi confirmada a expectativa de aumento dessa prática em momentos definidos como de risco sistêmico e por parte de bancos com menor Índice de Basileia. Quando a proxy de situação de risco é baseada no nível de capitalização eminentemente contábil, porém, os testes revelaram associação negativa entre o reconhecimento mais tempestivo das perdas econômicas e o nível de participação do capital próprio na estrutura de capitais das instituições.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

José Alves Dantas, Centro Universitário Brasília (Uniceub)

Doutor em Ciências Contábeis pela UnB, professor do Departamento de Ciências Contábeis do Uniceub.

Edilson Paulo, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Professor Adjunto II da Universidade Federal da Paraíba

Otávio Ribeiro Medeiros, Universidade de Brasília (UnB)

Professor Titular da UnB.

Referências

AHMED, A. S.; BILLINGS, B. K.; MORTON, R. M.; HARRIS, M. S. The role of accounting conservatism in mitigating bondholder-shareholder conflicts over dividend policy and in reducing debt costs. The Accounting Review, v. 77, n. 4, p. 867-890, October 2002. GALE: A94132379.

ALMEIDA, J. E. F. de. Qualidade da informação contábil em ambiente competitivo. 2010. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de São Paulo, São Paulo.

BALL, R.; SHIVAKUMAR, L. Earnings quality in UK private firms: comparative loss recognition timeliness. Journal of Accounting and Economics, v. 39, n. 1, p. 83â€128, 2005. DOI:10.1016/j.jacceco.2004.04.001.

BALL, R.; KOTHARI, S. P.; ROBIN, A. The effect of international institutional factors on properties of accounting earnings. Journal of Accounting and Economics, v. 29, n. 1, p. 1â€51, 2000. DOI: 10.1016/S0165-4101(00)00012-4.

BALTAGI, B. H. Econometric analysis of panel data. 4 ed. West Sussex, UK: John Wiley, 2008.

BASU, S. The conservatism principle and the asymmetric timeliness of earnings. Journal of Accounting and Economics, n. 24, p. 3-37, 1997. DOI: 10.1016/S0165-4101(97)00014-1.

BEAVER, W. H.; RYAN, S. G. Biases and lags in book value and their effects on the ability of the book-to-market ratio to predict book return on equity. Journal of Accounting Research, v. 38, n. 1, p. 127-148, 2000.

BERGER, A.; DeYOUNG, R.; FLANNERY, M.; LEE, D.; OZTEKIN, O. How Do Large Banking Organizations Manage Their Capital Ratios? The Federal Reserve Bank of Kansas City. Research Working Papers, April 2008. Disponível em: . Acesso em 21 Abr, 2012.

BRITO, G. A. S.; LOPES, A. B.; COELHO, A. C. D. Conservadorismo nos resultados contábeis de instituições financeiras estatais e privadas. In: ENANPAD, 32., 2008. Anais… Rio de Janeiro: Setembro, 2008.

CAPELLETTO, L. R. Mensuração do risco sistêmico no setor bancário com utilização de variáveis contábeis e econômicas. 259 p. Tese de doutorado (Programa de Pós-Graduação em Contabilidade - Universidade de São Paulo/USP). São Paulo, 2006.

COELHO, A. C.; LIMA, I. S. Qualidade informacional e conservadorismo nos resultados contábeis publicados no Brasil. Revista Contabilidade e Finanças, v. 18, n. 45, p. 38-49, set-dez 2007. DOI: 10.1590/S1519-70772007000400004.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamento conceitual básico: Estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 15 Abr, 2012.

COSTA, F. M.; COSTA, A. C. O.; LOPES, A. B. Conservadorismo em cinco países da américa do sul. Revista Contabilidade & Finanças, v. 17, n. 41, p. 7-20, mai/ago 2006. DOI: 10.1590/S1519-70772006000200002.

DECHOW, P. M; GE, W.; SCHRAND, C. M. Understanding earnings quality: a review of proxies, their determinants and their consequences. Journal of Accounting and Economics. v. 50, n. 2-3, p. 344-401, dec. 2010. DOI:10.1016/j.jacceco.2010.09.001.

DEGRYSE, H.; ELAHI, M. A.; PENAS, M. F. Determinants of banking system fragility: a regional perspective. SSRN Working Papers, feb 2012. Disponível em: <http://ssrn.com/abstract=2005034>. Acesso em: 19 abr, 2012.

ERKENS, D.; SUBRAMANYAM, K. R.; ZHANG, J. Affiliated Banker on Board and Conservative Accounting. SSRN Working Papers, set 2011. Disponível em: <http://ssrn.com/abstract=1950016>. Acesso em: 7 mar, 2012.

GIVOLY, D.; HAYN, C. The changing time-series properties of earnings, cash flows and accruals: has financial reporting become more conservative? Journal of Accounting and Economics, n. 29, p. 287-320, Ago. 2000. DOI: 10.1016/S0165-4101(00)00024-0.

GONZAGA, R. P.; COSTA, F. M. A relação entre o conservadorismo contábil e os conflitos entre acionistas controladores e minoritários sobre as políticas de dividendos nas empresas brasileiras listadas na Bovespa. Revista Contabilidade & Finanças, USP, São Paulo, v. 20, n. 50, p. 95-109, maio/agosto 2009. DOI: 10.1590/S1519-70772009000200007.

GUJARATI, D. N. Econometria básica. 4 ed. São Paulo: Campus, 2006.

KAIZER, C. V. C.; NOSSA, S. N.; BAPTISTA, E. C. S.; TEIXEIRA, A. J. C. O impacto da regulamentação contábil sobre o conservadorismo nas empresas do setor elétrico do Brasil. In: Congresso Brasileiro de Contabilidade, 18., Gramado/RS, 24 a 28 de ago 2008. Anais…, 2008.

KENNEDY, P. A Guide to Econometrics. 4 ed. Cambridge: Mass, 1998.

LaFOND, R.; WATTS, R. L. The information role of conservatism. The Accounting Review, v. 83, p. 447-478, 2008. GALE: A178691198.

LAUX, C.; LEUZ, C. The crisis of fair-value accounting: market sense of the recent debate. Accounting, Organizations and Society. v. 34, n. 6-7, p. 826-834, nov. 2009. DOI: 10.1016/j.aos.2009.04.003.

LEVINE, R. The corporate governance of banks: a concise discussion of concepts and evidence. World Bank Policy Research Working Paper, n. 3404, 2004.

LIMA, G. A. S. F.; FONSECA, J. A. S.; BRITO, G. A. S. Conservadorismo nos resultados contábeis dos bancos em Portugal. In: Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, 9., 2009, São Paulo. Anais... São Paulo: FEA/USP, 2009. CD-ROM.

LOPES, A. B. A Informação contábil e o mercado de capitais. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

MOREIRA, R. L.; COLAUTO, R. D.; AMARAL, H. F. Conservadorismo condicional: estudo a partir de variáveis econômicas. Revista Contabilidade & Finanças, v. 21, n. 54, p. 64-84, set/dez 2010. DOI: 10.1590/S1519-70772010000300006.

NICHOLS, C. D.; WAHLEN, J. M.; WIELAND, M. M. Publicly traded versus privately held: implications for conditional conservatism in bank accounting. Review of Accounting Studies, v. 14, n. 1, p. 88â€122, 2009. DOI: 10.1007/s11142-008-9082-3.

OWENS, E. Accounting conservatism, going-concern horizon, and earnings informativeness. SSRN Working Papers, June 2011. Disponível <http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1869108>. Acesso em 13 Fev, 2012.

PAULO, E.; ANTUNES, M. T. P; FORMIGONI, H. Estudo sobre o conservadorismo nas companhias abertas e fechadas brasileiras. RAE Revista de Administração de Empresas, v. 48, n.3, p. 46-60, jul/set. 2008. DOI: 10.1590/S0034-75902008000300005.

SANTOS, L. S. R.; COSTA, F. M. Conservadorismo contábil e timeliness: evidências empíricas nas demonstrações contábeis nas empresas brasileiras com ADRs negociados na Bolsa de Nova Iorque. Revista Contabilidade & Finanças, v. 19, n. 48, p. 27-36, set/dez. 2008. DOI: 10.1590/S1519-70772008000300003.

TAPIA, B. A.; SÁNCHEZ, C. B.; ALEMÁN, J. P.; FERNÁNDEZ, M. T. T. Conservadurismo del resultado y riesgo de litigio en el sector bancario. Revista Española de Financiación y Contabilidad (REFC), v. 40, n. 152, p. 556-585, 2011.

WATTS, R. L.; ZIMMERMAN, J.L. Positive accounting theory. New Jersey: Prentice Hall, 1986.

WATTS, R. L. Conservatism in accounting part I: explanations and implications. Accounting Horizons, v. 17, n. 3, p. 207-221, Sep. 2003-a. GALE: A110074310.

WATTS, R. L. Conservatism in accounting part II: evidence and research opportunities. Accounting Horizons, v. 17, n. 4, p. 287-301, Dec. 2003-b. GALE: A112211853.

Publicado

2013-06-30

Edição

Seção

Seção Nacional