DETERMINANTES DO DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DAS OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
DOI:
https://doi.org/10.4270/ruc.2021425Palavras-chave:
Qualidade da informação contábil, Saúde suplementar, Planos de saúde, Desempenho econômico-financeiroResumo
A presente pesquisa teve o objetivo de avaliar a qualidade da informação contábil (QIC) e a sua relação com os determinantes de desempenho econômico-financeiro das operadoras de planos privados de saúde no Brasil. Como metodologia, foram analisados dados financeiros relativos ao período de 2008 a 2017. As especialidades das operadoras analisadas foram as modalidades, os portes e as coberturas. Foram calculadas quatro medidas individuais de qualidade (qualidade dos accruals, persistência, previsibilidade, e alisamento de resultados), utilizadas para a composição de um ranking da QIC, variável dependente dos modelos. As variáveis independentes foram definidas a partir de indicadores, tendo o conjunto final de variáveis independentes sido selecionado pelo método de regressão múltipla com dados em painel (stepwise). Os resultados e contribuições da pesquisa demonstram que segregar as análises do desempenho das operadoras de planos de saúde (OPS) brasileiras por modalidades e por portes é mais importante, e nesse sentido, determinante para explicar a qualidade da informação contábil (QIC), o que não se constatou com as segregações por cobertura. Por meio da análise do ranking da qualidade foi possível identificar que as operadoras com qualidade mais alta pertencem às modalidades medicina de grupo e seguradora especializada em saúde; ao porte médio e à cobertura médico-hospitalar. As operadoras que apresentam qualidade mais baixa pertencem à modalidade autogestão e ao porte sem beneficiários. Os modelos analisados são significativos para explicar a qualidade. Para o desempenho econômico-financeiro, os modelos que mais influenciam a qualidade são dos portes pequeno e médio, das modalidades autogestão e cooperativa médica e da cobertura médico-hospitalar. Os resultados evidenciam que as variáveis explicativas do desempenho econômico-financeiro determinantes para explicar a QIC são endividamento (END), composição do endividamento (CE), despesas de comercialização (DC) e imobilização do ativo (IMOB). Os modelos finais permitiram concluir que a QIC é influenciada positivamente pelo desempenho econômico-financeiro das operadoras, pelas variáveis determinantes END, CE e DC.
Downloads
Referências
Albuquerque, Ceres et al. (2008)A situação atual do mercado da saúde suplementar no Brasil e apontamentos para o futuro. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, n. 5, p. 1.421–14. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000500008
ANDRADE, Mônica Viegas et al. (2015). Estrutura de concorrência no setor de operadoras de planos de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: ANS.
ANDRADE, Mônica Viegas et al. (2006). Métodos quantitativos em defesa da concorrência e regulação econômica. Rio de Janeiro: IPEA, v. 1.
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Dados consolidados da saúde suplementar, 2021. Disponível em: < http://www.ans.gov.br/perfil-do-setor/dados-gerais>. Acesso em: 06 jul. 2021.
______. Demonstrações contábeis das operadoras de saúde, 2018a. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/perfil-do-setor/dados-e-indicadores-do-setor/demonstracoes-contabeis>. Acesso em: 6 nov. 2018.
______. Anuário 2016: aspectos econômico-financeiros das operadoras de planos de saúde, 2018b. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/images/stories/Materiais_para_pesquisa/Perfil_setor/Anuario/2016_anuario.pdf>. Acesso em: 6 nov. 2018.
______.Perfil do setor. Dados gerais: receita de contraprestações das operadoras, 2018c. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/perfil-do-setor/dados-gerais>. Acesso em: 6 nov. 2018.
ARAÚJO, A. A. S.; SILVA, J. R. S. (2018). Análise de tendência da sinistralidade e impacto na diminuição do número de operadoras de saúde suplementar no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, n. 8, p. 2763–2770. https://doi.org/10.1590/1413-81232018238.20572016
AZEVEDO, Paulo Furquim De et al. (2016). A cadeia de saúde suplementar no Brasil: avaliação de falhas de mercado e propostas de políticas. Insper Centro de Estudos em Negócios. White Paper 001.
BALL, Ray; BROWN, Philip. (1968). An empirical evaluation of accounting income numbers. Journal of Accounting Research, p. 159–78. https://doi.org/10.2307/2490232
BRASIL. (2002). Regulação & saúde: estrutura, evolução e perspectivas da assistência médica suplementar. Rio de Janeiro: Agência Nacional de Saúde Suplementar.
BRASIL. (1998). Lei n. 9.656, de 28 de janeiro de 1998. Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm>. Acesso em: 26 jan. 2017.
BRASIL. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 26 jan. 2017.
BRYMAN, Alan; BELL, Emma. (2015). Business research methods. 4. ed. Oxford: Oxford University Press.
BRYMAN, Alan. (2008). Social research methods. 3. ed. Oxford: Oxford University Press.
CPC00 R1, Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. Disponível em: <http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2017, 2011.
DECHOW, Patricia; GE, Weili; SCHRAND, Catherine. (2010). Understanding earnings quality: A review of the proxies, their determinants and their consequences. Journal of Accounting and Economics, v. 50, n. 2, p. 344–401. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.09.001
DECHOW, Patricia M.; SCHRAND, Catherine M. (2004). Earnings quality. Research Foundation of CFA Institute.
DECHOW, Patricia M. (1994). Accounting earnings and cash flows as measures of firm performance: the role of accounting accruals. Journal of Accounting & Economics, v. 18, p. 3–42. https://doi.org/10.1016/0165-4101(94)90016-7
EDWARDS, Edgar O.; BELL, Philip W. (1973). The theory and measurement of business income. 7. ed. Berkeley and Los Angeles: University of California Press.
FRANCIS, Jennifer; OLSSON, Per; SCHIPPER, Katherine. (2006). Earnings quality. Foundations and Trends® in Accounting, v. 1, n. 4, p. 259–340.
FRANCIS, Jennifer et al. (2005). The market pricing of accruals quality. Journal of Accounting and Economics, v. 39, n. 2, p. 295–327. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2004.06.003
FRANCIS, Jennifer et al. (2004). Costs of equity and earnings attributes. The Accounting Review, v. 79, n. 4, p. 967–1.010. https://doi.org/10.2308/accr.2004.79.4.967
GAIO, Cristina. (2010). The relative importance of firm and country characteristics for earnings quality around the world. European Accounting Review, v. 19, n. 4, p. 693–738. https://doi.org/10.1080/09638180903384643
GUJARATI, Damodar N.; PORTER, Dawn C. (2009). Basic econometrics. 5. ed. New York: McGraw-Hill.
IBCG, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. (2009). Governança corporativa em tempos de crise. São Paulo: Saint Paul.
LEUZ, Christian; NANDA, Dhananjay; WYSOCKI, Peter D. (2003). Earnings management and investor protection: an international comparison. Journal of Financial Economics, v. 69, n. 3, p. 505–27. https://doi.org/10.1016/S0304-405X(03)00121-1
LEV, Baruch. (1989). On the usefulness of earnings and earnings research: lessons and directions from two decades of empirical research. Journal of Accounting Research, v. 27, n. Suplement, p. 153–92. https://doi.org/10.2307/2491070
______. (1983). Some economic determinants of time-series properties of earnings. Journal of Accounting and Economics, v. 5, p. 31–48, 1983. https://doi.org/10.1016/0165-4101(83)90004-6
MALHOTRA, Naresh K. (2001). Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman.
MAZZIONI, Sady; KLANN, Roberto Carlos. (2016). Determinantes da qualidade da informação contábil no contexto internacional. Revista Contemporânea de Contabilidade, v. 13, n. 29, p. 03–32. https://doi.org/10.5007/2175-8069.2016v13n29p3
MÉDICI, André Cézar. (1992). Incentivos governamentais ao setor privado de saúde no Brasil. Revista de Administração Pública, v. 26, n. 2, p. 79–115.
MOURAD, Nabil Ahmad; PARASKEPOULOS, Alexandre; MICHAELIS, Roberto William. (2010). IFRS Normas internacionais de contabilidade para operadoras de saúde. 1. ed. São Paulo: Atlas.
OCKÉ-REIS. (2000). O Estado e os planos de saúde no Brasil. Revista do Serviço Público, v. 51, n. 1, p. 123–147. https://doi.org/10.21874/rsp.v51i1.321
PAULO, Edilson; MARTINS, Eliseu. (2007). Análise da qualidade das informações contábeis nas companhias abertas. In: ENCONTRO DA ANPAD, 31, 2007, Rio de Janeiro. Anais… Rio de Janeiro: EnANPAD, p. 1-16.
PINHEIRO, Isabel Cristina Barbosa et al. (2015). Efeitos da regulação econômico-financeira nas estratégias de financiamento das operadoras de planos de saúde. Revista Universo Contábil, v. 11, n. 2, p. 108–27. DOI: 10.4270/ruc.2015214
SAMPIERI, Roberto H.; COLLADO, Carlos F.; LUCIO, Pilar B. (2006). Metodologia de pesquisa. 3. ed. São Paulo: McGrawHill.
SAUNDERS, Mark; LEWIS, Philip; THORNHILL, Adrian. (2012). Research methods for business students. 6. ed. Essex, England: Person.
SCHIPPER, Katherine; VINCENT, Linda. (2003). Earnings quality. Accounting Horizons, n. Supplement, p. 91–110. DOI: 10.2308/acch.2003.17.s-1.97
SIEGEL, Joel G. (1991). How to analyze businesses, financial statements, and the quality of earnings. 2. ed. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice Hall Direct.
TAVARES, Hermann Lenine Moreira. (2016). O endividamento e a qualidade da informação financeira. 76 fls. Dissertação (Mestrado em Contabilidade e Fiscalidade) – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, Portugal.
YOON, Sora. (2007). Accounting quality and international accounting convergence. 106 fls. Tese (Doutorado em Filosofia) ─ Major Field: Business Administration – Accounting – Oklahoma State University, Oklahoma.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais. A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não-comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público. Os artigos publicados são de total e exclusiva responsabilidade dos autores.
• O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do artigo na revista;
• O(s) autor(es) garante(m) que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s);
• A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es);
• É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação;
• O(s) autor(es) declaram que o artigo não possui conflitos de interesse.
