PESQUISA EM PRÁTICA ARTÍSTICA E CRIAÇÕES: ESTUDOS SOBRE A COMPANHIA À FLEUR DE PEAU - DENISE NAMURA & MICHAEL BUGDAHN, NO CONTEXTO DE UMA RESIDÊNCIA ARTÍSTICA

Resumo

Denise Namura e Michael Bugdahn são bailarinos e coreógrafos e juntos dirigem a Companhia À fleur de peau, sediada em Paris, França, desde 1988. Este artigo apresenta parte do processo e alguns resultados de pesquisa de campo realizada em residência artística junto À fleur de peau, em 2008. Namura e Bugdahn vêm desenvolvendo ao longo de 25 anos uma linguagem artística própria, uma pesquisa única em que a pedagogia encontra-se imbricada com o trabalho de composição cênica, na forma do discurso dançado. Elegemos o método etnográfico para investigar a prática artística, tendo como locais privilegiados para o estudo o “estúdio”, a “sala de aula” e os “teatros”. Partimos de perguntas geradoras para guiar o processo de observação/reflexão e apresentamos aqui duas delas: como a prática de Namura e Bugdahn pode ser aplicada em outros espaços de criação artística? O que nós, enquanto artistas residentes, somos capazes de criar (coreograficamente e teoricamente) a partir do contato com a Cia nesta experiência? De volta aos nossos espaços de trabalho, uma das experimentações de criação cênica coreográfica levada a cabo foi o Complexo de Bram Van Velde” (Escola Angel Vianna, RJ). A partir de propostas feitas em especial por jogos de criação e estudo dos elementos cênicos apreendidos do material pedagógico e artístico de À fleur de peau, ganhou-se um extrato de movimentação gestual com o qual foram compostas as situações e as cenas do experimento coreográfico. Escolhemos intencionalmente os elementos de composição que desejávamos ver como funcionavam na performance e a obra da Cia À fleur de peau, estudada de forma sistemática a partir da residência artística, aparece de forma clara na composição final: o erro, a casualidade, o texto, o subtexto, o preenchimento de imagens, a comunicação entre os bailarinos, entre outros, a possibilidade de relação com o público.