VENDIDO A UM-QUE-NÃO-EXISTE: PRIVAÇÃO, PRESENÇA E CONFISSÃO NO GRANDE SERTÃO
DOI:
https://doi.org/10.7867/1981-9943.2010v4n1p27-43Palavras-chave:
Teodicéia. Teologia negativa. Ontologia. Privatio boni. Grande Sertão, Veredas.Resumo
Este trabalho explora o encontro entre artifício e ausência, um encontro definido pela impossibilidade de se representar, articular ou mesmo conceber aquilo (ou aquele) que inexiste. Mais especificamente, discute como - em Grande Sertão: Veredas (GSV)- João Guimarães Rosa logra sugerir a presença, no próprio cerne da experiência narrada, de uma privação radical e diabólica. Privação que, entretanto, jamais chega a representar na narrativa. Recorrendo a Agostinho, Pseudo-Dionísio e Boécio, sugere-se que essa ausência do diabo apropria, rearticula e, por fim, subverte – por hipérbole – um procedimento neoplatônico constitutivo da teologia Cristã: a tipificação do mal como mero privatio boni ou falta do bem.
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