MONSTROS SALAZARISTAS

O ARQUÉTIPO DOS ZUMBIS E OS PERSONAGENS EM O MUNDO DOS OUTROS, DE JOSÉ GOMES FERREIRA

Autores

  • Rafael Faria da Cunha Pinho UFSCar
  • Daniel Marinho Laks

Resumo

Utilizando a metodologia baseada na teoria dos monstros de Jeffrey Jerome Cohen (1996) nas teorias acerca da inimizade de Achille Mbembe (2017) e nas teorias acerca da biopolítica de Roberto Esposito (2010), o presente artigo objetiva ler os personagens dos contos A sombra, Infância estragada: memórias em forma de panfleto ilustrado e A rapariga sem cara, presentes no livro O mundo dos outros: histórias e vagabundagens, de José Gomes Ferreira (2000), ambientadas no contexto do Estado Novo português, regime fascista liderado por Salazar, a partir da figura arquetípica do zumbi a fim de pensar características específicas do corporativismo fascista e sua lógica de produção de inimigos e massificação corporativista do corpo social. Os três contos analisados apresentam personagens que são “contaminados” pelo meio político-social salazarista e que, após essa contaminação, são retratados como seres sem individualidade, agressivos e que vivem somente para satisfazer suas necessidades primárias, além de possuírem características físicas semelhantes à figura dos zumbis (sendo representados mal vestidos ou com deficiências físicas). As figuras semelhantes ao arquétipo dos zumbis se relacionam ao corporativismo organicista, característica dos regimes fascistas e de sua lógica de gestão dos corpos afeita à produção de inimizade.

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Publicado

09-09-2025

Como Citar

Pinho, R. F. da C., & Laks, D. M. (2025). MONSTROS SALAZARISTAS: O ARQUÉTIPO DOS ZUMBIS E OS PERSONAGENS EM O MUNDO DOS OUTROS, DE JOSÉ GOMES FERREIRA. Linguagens - Revista De Letras, Artes E Comunicação, 19(1), 051–067. Recuperado de https://ojsrevista.furb.br/ojs/index.php/linguagens/article/view/12103